quinta-feira, 28 de março de 2013

A Coluna Prestes em Ipu - Parte I



Integrantes da Coluna Prestes. Fonte: http://coisadecearense.blogspot.com.br

Ao amanhecer do dia 13 de janeiro de 1926 cerca de 100 homens, maltrapilhos, com cara de poucos amigos, porém, fortemente armados, entraram em Ipu, descendo a ladeira da Mina, vindos do Piauí. Essa centena de combatentes compunha o 2º destacamento da Coluna Prestes, comandada pelo tenente-coronel João Alberto. O que eles queriam e o que aconteceu naqueles anos 20 na então pacata Ipu? Bom, o que pretendo contar em seis capítulos é apenas uma interpretação dos fatos ocorridos naqueles tempos longínquos, baseada, no entanto, em relatos e fontes históricas. Se você quiser ler, leia, portanto. Se não quiser, não leia “ora mais...”

Na madrugada do dia 13 de janeiro de 1926, a cidade de Ipu “dormia” o seu sono tranquilo. Às 5 horas da manhã, 100 homens montados e armados, vindos do Piauí, entravam na cidade de Ipu, descendo a ladeira da Mina. A Terra de Iracema acordava ao som de uma corneta, tocada por uma daquelas cem almas com “caras de poucos amigos”. À frente dele uma multidão de “revoltosos” emparelhados como que marchando em sintonia. Muitos traziam rifles apoiados em seus ombros parecendo estar “descansando” os braços do peso das armas. Os homens com rifles carregam também bandeiras encarnadas e traziam em seus pescoços lenços da mesma cor, que usavam, às vezes, para esconder os rostos.  
Muitos na cidade já estavam de pé após uma noite bem dormida, outros acordaram ao som da corneta e ainda um terceiro grupo, a dos beberrões, nem tinha dormido. Todos se admiraram com aquela cena. Uns ficaram com medo, mas outros se mostravam abismados, admirados do que viam.
            O bando desceu rumo ao centro por uma ladeira muito íngreme, seguiu por uma rua muito estreita, com poucas casas, atravessou uma ponte construída sobre o Riacho Ipuçaba, no hoje "Beco da Beínha" (ou Rua Manoel Vitor) e penetrou no coração da Cidade, na Praça de São Sebastião. Logo, aqueles homens armados se sobressaltaram ao avistar no alto da Igrejinha de nossa Senhora do Desterro, hasteada, uma bandeira vermelha. Todos se prepararam para o combate procurando ao redor, barricadas naturais, para se protegerem. Armados para o combate esperam o ataque inimigo, mas ele não vinha.
É preciso que se faça uma pausa na narrativa. Afinal, quem eram aqueles homens? O que queriam eles na Cidade de Ipu?
Aquelas cem almas compunham o 2º destacamento da Coluna Prestes, comandada pelo tenente-coronel João Alberto. Vinham do Piauí e seu destino inicial era a cidade de Ipu. Nesta cidade buscavam especificamente obter mapas geográficos detalhados dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. No Piauí, souberam da notícia de que eles existiam e se encontravam no acervo do Gabinete de Leitura Ipuense, uma espécie de biblioteca com imenso patrimônio em livros, revistas, jornais e mapas.
Mas, por que tais mapas eram tão importantes para a Coluna Prestes? E o que essa Coluna?
Continua...

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