sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ipu, “cidade maldita, violenta e bizarra?”



Bica do Ipu. Fonte: cartão postal.


A mosca no meu pão
Recentemente, um “professor” de Novas Russas, ao produzir uma crítica feroz contra um deputado estadual, nascido naquela cidade e que a representa, indignado com a sua suposta apatia, se referiu a cidade de Ipu, terra da esposa daquele parlamentar, como “violenta e miserável”, além de “bizarra”, numa atitude, no mínimo, condenável. Não pretendo, no entanto, defender a cidade de Ipu ou atacar o “professor”, não, embora a minha vontade seja de mandá-lo, no mínino, para o quinto dos infernos. Como analista social, me seduz muito mais o ato de buscar entender a sua atitude.
Não é de estranhar que a imagem de nossa cidade, mundo a fora, anda arranhada. A urbes que já foi reconhecida ou que teve sua imagem construída como cidade intelectual, nos primórdios do século XX, ou berço de grandes mentes, deste então, ao contrário, é vista, hoje, por muitos, como uma cidade violenta (de rixas entre grupos políticos e seus defensores), maldita (por seus gestores corruptos) e bizarra (onde se desenrolam lances chocantes). 
É lógico que não concordo com os três adjetivos acima, usados pelo professor de Nova Russas, para significar a cidade.
Nas últimas décadas, as representações positivas que caracterizavam a nossa cidade deram lugar às imagens negativas. A violência de nossas campanhas partidárias (violências física e simbólica, recheadas de lances de perseguições e desrespeito aos princípios democráticos), o uso das instituições públicas para empregar correligionários, banir adversários ou negociar apoios, os embates entre pretensos intelectuais, que escolhem um dos lados da “luta”, e profissionais da mídia, pagos para defender interesses de partidários e seus empregos, e a atitude de gestores que dilapidaram ferozmente, como caninanas, os cofres públicos, deixando a cidade, no mínimo, abandonada, tem criado uma Ipu irreconhecível, enquanto parte significativa da população luta como animal faminto, defendendo um dos lados, em busca das migalhas de um emprego público de quatro anos, a aprovação em um concurso de fachada, uma vaga em uma sala confortável, longe do público, um carro, casa, parto ou outro bem ou vantagem, e que desfila na cidade com seu nariz empinado, exalando uma moral e atitude ética inatacáveis.
A atitude do “professor” novarrussense, condenável em seu ato desrespeitoso e sem escrúpulos, é justificável diante da realidade que nos últimos anos essa bela cidade vem conhecendo.
Pobre-rica Ipu.

Artigo publicado no Jornal Ipu Grande, nº 40.
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2 comentários:

  1. Raio-X de Ipu. Há décadas, ou desde sempre?!

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  2. Na verdade muitos nova russenses moram de aluguel para poderem se exibirem com uma motinha ou um carrinho pela cidade e nem tem onde morar ,aí eles falam que no Ararendá ninguém almoça fora por que em Ararendá não tem restaurantes,é o fim agora.Ô povo orgulhoso em pleno sertão nordestino.

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