segunda-feira, 29 de abril de 2013

Mundo maravilhoso: a felicidade fora da "realidade"




Gostaria de partilhar com o leitor, se é que tenho algum, experiências vividas por mim nas últimas semanas. Escrevo como se eu fosse uma pessoa importante, um grande escritor e que sabe que tem uma porção de leitores sedentos para ler o que escrevo - na ilusão de saber sobre mim ou de aprender algo para a sua vida - mesmo sabendo que poucas pessoas ou ninguém se interessará pelo que escrevo, a não ser eu mesmo.
Mesmo assim escrevo, não porque acredite que outras pessoas se interessarão pelo que tenho a dizer ou que possa instruí-las, diverti-las ou ensinar-lhes algo importante, mas porque escrever me faz bem, me afasta do mundo e das pessoas ao mesmo tempo em que me aproxima delas. Está confuso? Será que esta forma de escrever não é uma estratégia retórica para prender a sua atenção a ponto de se sentir tentado a ler até o final? Mas eu não disse que talvez não tenha leitores e que só escrevo para me sentir bem?
Ultimamente tenho passado os dias preso em meus pensamentos e quase nada me entedia, a não ser o mundo real em que vivo. Quando dou demasiada atenção ao mundo em minha volta sinto que me torno uma pessoa infeliz e só reencontro esta felicidade quando me afasto dele; quando me retraio em meu quarto e busco a solidão, o silêncio; quando me sento à mesa, pego uma caneta e escrevo sobre alguma coisa, sobre qualquer coisa, como faço agora. Ali, no silêncio dos meus pensamentos eu entro em um mundo tão fascinante e tão maravilhoso, que sinto que encontrei a "felicidade" que antes pensava estar em algum ou outro lugar, em outras coisas e num mundo do qual hoje quero me afastar, embora saiba que jamais poderei ignorá-lo. Com os olhos fito no papel, e no deslizar da caneta sobre ele, entro em um mundo novo, em um outro mundo criado por mim mesmo, tão real quanto o mundo lá de fora. Neste momento eu sou um personagem como aqueles outros que crio, e tenho o poder de dar o destino que quiser à história, embora na maioria das vezes, o desenrolar lento e final do enredo tome um caminho que salta do meu controle, como se tivesse vida própria.
A mesma sensação sinto ao ler um livro, qualquer livro. Quando o abro sou tragado para dentro de suas páginas como em um sonho que está  além do meu controle. O que me fascina não é apenas a leitura em si, mas a capacidade que este ato tem de nos arrebatar do mundo em que vivemos, de fazer-nos esquecer, por um longo tempo, que existe um mundo da qual de outra forma não conseguiríamos desligar-nos dele. Quando me afasto desse mundo, demasiado real, sem fantasia, ainda que possamos fantasiá-lo, em que as alegrias sucedem as tristezas e vice-versa, em que os nossos medos nos impelem de ousar, nossas obrigações nos impedem de sonhar e uma cem mil coisas que nos amarram a ele, é que consigo viver plenamente como uma criança com os seus brinquedos, suas fantasias, seus mundos fantásticos, rodeados de monstros e super-heróis que voam e têm poderes sobrenaturais.
Desligar-se do mundo e entrar em outro plano é algo, para mim, fascinante. Neste momento, encontro a "felicidade" em outro lugar, fora da realidade.
No entanto, meu caro leitor, se é que você está aí, o que me fez pensar sobre isso e mais ainda escrever sobre o que estou sentido, foi o fato de relatar a minha experiência nas últimas semanas. Não foi mesmo isso que disse no início? O problema é que o meu pensamento é mais rápido do que a caneta ao deslizar no papel, por mais que tente não consigo controlá-la. É como se tivesse vida própria, está além do meu controle. Como não tenho leitores, portanto, não devo preocupar-me se o que escrevo deva ter início, meio e fim. Afinal escrevo para me sentir bem. Não foi isso mesmo que disse no início? Afinal, não sou daqueles que gostam de enredos fáceis, que têm início, meio e fim. Gosto de enredos que me fazem divagar, esquecer do mundo e entrar num outro universo. Isso me faz bem. Já devo ter dito isso antes... 

 Escrito em Recife, em algum dia de 2010.


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