sábado, 20 de abril de 2013

"O País dos Mourões” - Parte III



Matriz de São Gonçalo.  Fonte: http://primeiracoluna.blogspot.com.br/2006/03/lenda-de-so-gonalo-da-serra-dos-cocos.html

Vicente Negreiro, Segundo o senador Catunda, foi um homem valente e destemido. "Perseguido pelos Mourões, fez-se “cangaceiro”, tomou o seu “boca de sino (Bacamarte) e sua granadeira, dando-lhes os nomes: aquele de Canário e a esta de negra velha, que depois lhe serviram muito bem, e quando em açção, atacado pelos Mourões seus inimigos, ao disparar o primeiro tiro, recitava sempre em altas vozes a seguinte quadra

Quando o Canário abre o bico,
Turba-se o tempo, meu bem,
Chore quem tem de chorar
Que não sou pae de ninguem"

Vidal de Negreiro era acompanhado de Fama, que depois traiu-o, passando para o lado dos Mourões; Severino de Tal, Chanana, Goiabeira, Fama-leal, José Caixinho, Jaramantalha, Belchior e outros de sua confiança. Depois acompanhou seus dois irmãos, João e José Lopes.
No Governo do Padre José Martiniano de Alencar, houve uma tentativa de dizimar as lutas e a anarquia reinante nos sertões do Ceará. “Os mourões foram tenazmente perseguidos e presos alguns de seus membros, outros foram obrigados a buscar refúgio em outras paragens”.
Alencar passou a dar uma atenção espacial para a vila de Ipu e para a freguesia da Serra dos Cocos. Alencar despacha ao sertão de Ipu, o tenente Félix Bandeira, com uma volante de quarenta praças, para varrer os Mourões da face da serra e da planície,  tomar-lhes os bens, arrasar-lhes as fazendas, fazer-lhes todos o mal possível imaginado.
Alencar manobra dessa forma com violência e rapidez. Liquidaria os Mourões e vingaria os seus amigos, o Padre Manoel Pacheco Pimentel e o seu sobrinho tenente-coronel, João da Costa Alecrim, que, com ele, haviam sido eleitos, outrora, deputados à Confederação do Equador, sediado em Pernambuco, das ofensas feitas pelo "clã selvagem", estabelecido e fortificado na Serra dos Cocos.
A 6 de junho de 1836, o padre de mão dura, dava início ao seu combate contra os mourões.
Os “crimes” perpetrados pelos Mourões e os reclames contra eles na Serra dos Cocos, chegou até o conhecimento do Imperador. Porém, as medidas tomadas, contra eles não surtiram efeitos. Somente quando assumiu o governo da província do Ceará é que José Martiniano de Alencar, com mão de ferro, envia forças policiais para a Serra dos Cocos, com o objetivo de prender e matar aos Mourões. O padre mandou para o ministro da justiça do Império, no início de seu governo, um catálogo relatando os “crimes” praticados pelo grupo de valentões. Entre os anos de 1833 e 1836, o bando teria matado, nos sertões do Ceará, Piauí, Maranhão e Pernambuco, 27 pessoas, empreendido inúmeras surras e espancamentos de outras, além de tentativas de morte, assaltos e desordens praticadas.

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