domingo, 21 de abril de 2013

"O País dos Mourões” - Parte IV




Bacamarte turco, arma usada na época. Fonte: http://lampiaoaceso.blogspot.com.br

Alexandre na Política

Quando Alexandre Mourão ingressou na política, a província passou a ser governada por um padre que não gostava e tinha particular “ojeriva aos cangaceiros”, pelo menos aqueles que não rezavam pela cartilha do partido liberal, do qual era um dos “dungas”, no império do Brasil, além de chefe absoluto na sua terra natal, Ceará. Os Mourões eram conservadores e, por isso mesmo, o padre não os queria livres. Pretendia vê-los na cadeia. O padre, portanto, decretou a destruição dos mourões e dos seus feudos, alegando os “crimes” cometidos por todos eles. 

Senador Alencar

José Martiniano veio do Rio de Janeiro para declarar guerra de extermínio aos "guerreiros bárbaros", acostados aos grandes fazendeiros, comendo com eles à mesa, o bacamarte na mão ou encostados à porta das igrejas, na hora da missa, aguardando somente a ordem de matar. 
Segundo Nertan Macedo, "chega à província, disposto a não perdoas os matadores, os criminosos, os erradios do assassínio, a soldo dos senhores de gado. Proclama de imediato sua intenção de não atender nem ‘passar a mão’ na cabeça de bandidos’”
“As vistas de Alencar, o seu ódio, a sua mão de ferro estavam, porém, voltadas para o Ipu, para São Gonçalo da Serra dos Cocos, para a Boa Esperança, donde o espreitavam Alexandre Mourão e seus irmãos e apaniguados, protegidos do Barão de Icó, correligionários políticos dos Fernandes Vieira (...)”. (O Bacamarte dos Mourões", p. 42-44) 
Era ali, na Serra dos Cocos, que o senador queria alcançá-los, a todos eles, os Mourões, seus desafetos políticos. 
Segundo Alexandre Mourão, em suas memórias, José Martiniano tentou trazer os Mourões para o seu lado, mas a tentativa não se consumou.
Alencar despachou ao sertão do Ipu, o tenente José Felix Bandeira, com um volante de quarenta praças, "para varrer os Mourões da face da Serra e da planície. Tomar-lhes os bens, arrasar-lhes as fazendas, fazer-lhes todo o mal possível imaginário”. (idem p. 45). 
Não eram poucas então as dificuldades resultantes da ação repressiva rigorosa do presidente Alencar, vencidas afinal com a queda dos liberais. 
Por volta de 1842, quando ascenderam ao poder os conservadores, Alexandre Mourão, protegido agora pelos correligionários dominantes, é absolvido pelo júri dos processos que fora indiciado. 
A Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, com a enorme extensão de quarenta léguas, e a Vila Nova do Ipu, estavam sob o domínio político conservador, exercido naquele trecho dos sertões de modo absoluto.

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