segunda-feira, 22 de abril de 2013

"O País dos Mourões” - Parte V



Padre Francisco Correia de Carvalho e Silva. Fonte: http://professorfranciscomello.blogspot.com.br/2010/06/biografia-pe-correa.html

O Rompimento entre Melo e Mourões


Segundo Nertan Macedo, Melo e Mourões filiaram-se ao Partido Conservador, desde a sua fundação, e viveram em paz, unidos pelos elos da fraternidade. Enquanto os conservadores estiveram no poder, Melo e Mourões mandaram em  toda a região da Serra dos Cocos.
No entanto, em meados do século XIX ocorreria uma transformação geral no panorama do Império e que se fez sentir mais intensamente no interior do país, onde o partido decaído sofreu grandes brechas com as mudanças para o campo liberal.
No Ipu, o vigário Correia, que pertencera antes, em sucessivas adesões, aos Partidos Conservador e Equilibrista, foi dos que logo aderiram aos liberais dominantes, e arrastou, na sua adesão, a família Melo, representada pelo coronel de Legião, Francisco Paulino Galvão, Manoel Ribeiro Melo, seus irmãos e parentes.
Os Mourões – com os quais já não se entendia bem o padre Correia, fiéis à tradição política, permaneceram intransigentes no Partido Conservador, tendo agora, como adversários, assessorados pelo suspeito vigário, os seus primos-co-irmãos do grupo melo.
A rixa entre o padre Correia e os Mourões só aumentava. Jurado de morte, o vigário, sob o pretexto de que o templo da matriz ameaçava ruir, se mudou para o Ipu e transformou a pequena capela, de taipa, no quadro da Igrejinha, em sede, de fato, de toda a Freguesia da Serra dos Cocos.
A vinda do Padre Correia para a então Vila Nova do Ipu Grande estava ligada, de um lado, às questões políticas e as rixas com os Mourões. Ora, na sede da vila estaria o vigário, de certa forma, protegido. De outro lado, a mudança do pároco estava ligada, também, a possibilidade de assumir postos de mando e galgar novos degraus no cenário político, já que era o Ipu, agora, a sede da Vila e centro do poder local. Questões de ordem religiosa parecem não ter, naquele momento, pesado na decisão do vigário.
Com a vinda do padre, embora juridicamente a matriz da freguesia fosse a de São Gonçalo, de fato, o Ipu ganhava foros de sede religiosa da freguesia. A capela de São Sebastião funcionava, portanto, ainda que provisoriamente, como matriz, embora não fosse assim reconhecida. A um só tempo, o Padre atraia para o Ipu a matriz da freguesia e a ira dos Mourões, que vinham aterrorizando os sertões do Ceará e do Piauí, sobretudo a região da Ibiapaba.
A partir de então, o que se assiste é uma luta entre, de um lado, o padre e seus aliados, os Melo, e de outro, os Mourões. 
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