quinta-feira, 23 de maio de 2013

Corrupção generalizada



Promotor Luiz Alcântara. Fonte: http://forcatarefapopular.blogspot.com.br

A corrupção atinge mais da metade das prefeituras do Ceará, segundo demonstrou recentemente a promotoria de justiça. Todas são suspeitas de envolvimento com empresas fraudulentas. No entanto, as investigações levadas a cabo pela promotoria e que vêm comprovando fraudes com o dinheiro público é apenas a ponta de um imenso iceberg.
A corrupção nas prefeituras dos municípios do Ceará está generalizada, disse o promotor Luiz Alcântara, integrante da Procuradoria dos Crimes Contra a Administração Pública (Procap). O que era para ser exceção se tornou a regra.
As fraudes mais comuns são a contratação irregular de servidores, concessão de pagamentos a funcionários fantasmas, ausência de licitações, licitações com indícios de favorecimentos, contratação de empresas fantasmas, desvios de dinheiro, obras superfaturadas, prestação de contras de obras não realizadas, dentre tantas outras.
A corrupção hoje não é maior do que no passado, creio. O poder da imprensa, em fiscalizar e denunciar a corrupção, a criação de mecanismos de controle mais eficazes no uso dos recursos públicos, têm contribuído para dar grande visibilidade aos atos de desmonte das prefeituras.           
Hoje é imoral e ilegal a posse de bens públicos em benefício de particulares, mas muito aceita ainda por grande parcela da população, que pouco se importa se os gestores estão administrando bem o erário. As raízes disso são históricas e remontam a nossa formação cultural.
A nossa colonização se encarregou de legar-nos uma cultura patrimonialista, de base ibérica, quando o público e o privado se confundem, como bem demonstram os estudos de Raimundo Faoro (Os donos do Poder), Sergio Buarque de Holanda (Raízes do Brasil) e Gilberto Freyre (Casa Grande & Senzala).
Além do patrimonialismo, os portugueses nos legaram uma cultura paternalista (troca de favores) e patriarcal (chefe que manda e comanda como a figura do pai, em relação à família, em sociedades tradicionais), cuja herança imprime em nosso fazer político particularidades interessantes.
A corrupção generalizada explica por que a maioria das cidades cearenses tem mais da metade da sua população vivendo abaixo da linha de pobreza, numa situação miserável, como é o caso de Ipu e como demonstrou recente pesquisa (Mapa da Pobreza e Desigualdade). Vivemos duas realidades contraditórias: uma de riqueza desmedida e outra de pobreza revoltante. No primeiro caso, os recursos que deveriam minorar a miséria, desviados dos cofres públicos, têm feito, desde o início, a felicidade de pequenos grupos. No segundo caso, a própria miséria da maior parte da população se mostrou uma estratégia eficaz para manter os círculos viciosos: a riqueza como resultado da miséria!
Os ladrões posam de inocentes!

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