domingo, 22 de dezembro de 2013

Tour elegante I



A aura dos espaços

A maioria das pessoas, quando visitam a maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, logo procura as suas praias, bares, restaurantes: elas buscam a multidão! Vão aos shoppings, parques de diversões. À noite, procuram as boates, clubes e vão a shows.  A cidade oferece tudo isso.  Quando vou ao Rio de Janeiro, onde já morei por mais de uma década, ao contrário, procuro algo mais do que isso.
Busco os espaços onde posso sentir a alma do passado, a presença dos mortos, uma aura superior. Quando visito esses locais, me transporto para um outro mundo, que não existe mais, mas que pode ser sentido e quase tocado. É como se, de alguma forma, eu já tivesse vivido ali num passado longínquo. Esse ato, de viver um outro mundo, é tão fenomenal, que perco a noção do mundo à minha volta, desse mundo tão real quanto cruel. Quando me afasto da realidade sinto que me completo, sinto que sou feliz. Essa felicidade quase nunca encontro entre os vivos, na multidão, na claridade, na agitação, no frenesi, nos espaços modernos.
O que mais me agrada, é a solidão e a tristeza destes locais. Eles me transmitem uma sensação de plenitude e uma aura superior, algo espiritual tão forte que se torna, para mim, quase palpável. Esses espaços estão carregados e me transmitem uma melancolia parecida com aquela que nos fala Orhar Pamuk sobre a cidade de Istambul em seu romance Istambul: memória e cidade.
As ruínas do passado, o silêncio dos amplos espaços, a beleza da arquitetura, das formas, as cores desbotadas, a prevalência do preto e branco são, para os meus olhos, inspiração, me fazem sentir o prazer de estar no mundo.
Creio, é por isso, que amo tanto o passado...


Museu Nacional de Belas Artes



Escola Nacional de Belas Artes. Atual Museu Nacional de Belas Artes. Foto do Início do Século XX. Fonte: Domínio Público.

Prédio sede do atual Museu Nacional de Belas Artes construído com a abertura da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, na grande reforma urbanística iniciada na gestão do prefeito Pereira Passos e do presidente Rodrigues Alves. Para lá foi transferida a sede da Academia Imperial de Belas Artes, rebatizada para Escola Nacional de Belas Artes. O autor do projeto de construção do prédio foi Adolfo Morales de Los Rios, que tomou como modelo o Museu de Louvre em Paris. No entanto, o desenho seria alterado durante a construção do prédio e acrescentadas algumas modificações feitas pelo Ipuense Archimedes Memória. A obra foi finalizada em 1908. 

Acervo pessoal
O seu estilo arquitetônico, como não podia deixar de ser, é eclético, com fachadas em diferentes estilos. A fachada principal, de frente para a Atual Av. Rio Branco, é inspirada na Renascença, com frontões, colunatas e relevos em terracota representando as grandes civilizações da antiguidade, além de medalhões pintados por Henrique Bernardelli com retratos dos integrantes da Missão Francesa e outros artistas brasileiros. As laterais são mais simples, e fazem referência à Renascença italiana; possuem mosaicos parisienses com figuras de arquitetos, pintores e teóricos da arte, como Vasari, Vitrúvio e Da Vinci. A fachada posterior é um exemplo mais puro e austero do Neoclassicismo com relevos ornamentais. Na decoração interna foram usados materiais nobres como mármores e mosaicos, cristais, cerâmicas francesas e estatuária.
Interior do Museu. Acervo pessoal
Em 1931 a Escola Nacional foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro. 
Em 1937 foi criado o Museu Nacional de Belas Artes e o prédio transformado em sua sede.

Frente atual do museu. Acervo pessoal


O museu reúne um acervo de pinturas impressionantes. Vale a pena visitar...





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Um comentário:

  1. Belas descrições. Apesar de seguir outro rumo na educação, confesso que a História me fascina. No entanto caro amigo, convenhamos o que há de se louvar é que pelo menos tais pessoas não tenham que ir ao Rio (ao Sul) apenas para deixar suor e sangue, como aconteceu com muitos (inclusive você, como relatou). Se as pessoas citadas no início do texto tivessem o privilégio de conhecer o lugar que descreveu talvez tivessem a mesma alegria.

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