quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Ipu: perfil urbano IV



Apesar de suas singularidades, atualmente Ipu tem muito em comum com as cidades do interior do Estado, com um crescimento econômico lento, embora com um setor terciário ainda forte, dependendo em grande medida do comércio e do setor público, contrastando com um passado de relativa prosperidade, sobretudo entre a segunda metade do século XIX, com base no ciclo do algodão, e as primeiras décadas do século XX, quando a ferrovia teve papel de destaque, dando novo alento à economia.
No entanto, impressiona aquele que chega pela primeira vez à cidade a robusteza de seu comércio, concentrado na região central, e o fluxo de veículos, sobretudo a quantidade de motocicletas circulando e estacionadas em torno do prédio do antigo mercado público: é uma cena chocante para os olhos pouco acostumados àquilo. Impressiona também ao “forasteiro” a existência ainda de um conjunto arquitetônico singular, composto de prédios antigos erguidos entre fins do século XIX e inícios do XX, momento em que a cidade dava sinais de que se tornaria uma grande urbs, por seu crescimento econômico significativo, que teve no algodão e na ferrovia seus grandes pilares, contribuindo para a construção de um discurso da mudança.
Por outro lado, pode impressionar, também, o pouco zelo dado aos monumentos históricos de “pedra e cal”, ao patrimônio histórico e material que guarda a memória de um passado pujante, frequentemente dilapidado pela especulação imobiliária. Os inúmeros casarões erguidos em torno da região central, entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, pelas famílias abastadas, então símbolos do poder, riqueza e prestígio, têm sido frequentemente vendidos para empresários que os destroem e os transformam em prédios comerciais “modernos”.
A memória deste passado, aparentemente esquecido, e que sonhou com um futuro progressista se mantém precariamente de pé com edificações como a Estação Ferroviária (1894), o Mercado Público (1890), a Antiga Cadeia e Casa de Câmara (1890), A Igreja Matriz (iniciada em 1914 e concluída em 1940), todos dispostos num espaço que foi sonhado como moderno pelos homens de poder das primeiras décadas do século XX.

Continua...


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