quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

IPUPOLÂNDIA: TERRA DE VAMPIROS - II



Por: Emanuel Sousa – o poeta do absurdo


       
Reza a lenda que após um governo conturbado de quatro anos de desmandos e manipulações, o famigerado vampiro Conde Drácula Passagem Molhada teria surrupiado numa noite de lua cheia todos os vasos sanitários de Ipupolândia. Desde então, uma aflição crônica sem tamanho tomou conta de sua população sedenta: onde defecar? Onde meter merda, se não existem vasos sanitários disponíveis para todos?  Além de ser morta-viva, e de possuir espíritos de porco, carrapato e morcego, a população de Ipupolândia vivia sofrendo dores crônicas de barriga, pois havia devorado coisas indigestas nas últimas eleições: cimento, telhas, tijolos, remédios, dinheiro sujo e toda sorte de putarias que os vampiros-mores (vereadores e prefeitos) distribuem entre os dementes do povo e a sua parasitária classe média idiota.  
        Sendo assim, sem os vasos sanitários, era comum muitas pessoas defecarem em qualquer lugar de Ipupolândia: havia merda no mercado, na secretaria de obras, na câmara, nos hospitais, nas escolas, nas rádios, na cachoeira e principalmente nas ruas e nos logradouros mais distantes e dispersos do lugarzinho tacanho e perdido na geografia da terra de São Nunca. Certa feita, uma rádio local transmitiu ao vivo um vampiro-mor defecando em cima das cabeças de toda a estúpida população de bairros paupérrimos.
Defecava-se em todas as instituições e instâncias da cidade. Não havia nem papel, nem água para serem limpos tantos cús de tantos cagões contumazes que defecavam ao mesmo tempo. A cachoeira que banhava Ipupolândia era uma queda d’água de merda, diziam, e merda fresca, cagada de véspera! Um fedor nauseabundo – fedor de bosta seca, em adiantado estado de decomposição – percorria todos os estabelecimentos da cidadezinha de modo peremptório e contundente. O fedor ardia no nariz dos mortos-vivos, parecia saído de todos os lugares e de lugar nenhum! O fedor viria do executivo? Do legislativo? Do judiciário? Da população idiota? Ou vinha mesmo da sociedade, das academias, das escolas, dos hospitais, do comércio, das famílias tradicionais? Quem saberia dizer ao certo? Ninguém saberia estas coisas. O certo mesmo é que, por todos os lugares, as pessoas – não os mortos-vivos da cidadela - sentiam a necessidade de defecar e não havia por lá vasos sanitários disponíveis para isso! Não havia jeito: a merda vinha fresca e fortuita em todos os lugares e em todas as direções!
O cagador-mor, o vampiro conhecido pelo nome de Conde Drácula Passagem Molhada, fora flagrado pela polícia Federal enquanto tentava dar sumiço nas pistas que apontavam para a sua culpa no crime de sumir com os vasos, mas a população idiota o defendeu (-Ele é nosso pai, diziam) e ele fora ovacionado nos ombros pelas ruas da estúpida Ipupolândia! Os mortos-vivos imbecis do lugar, depois de saberem que fora o grande causador das dores de barriga, da diarreia crônica e da cagadeira da população fora o próprio mentecapto, mesmo assim fizeram juras de amor a sua pessoa. Disso se deduz que muito mais do que uma cidadela, Ipupolândia é um chiqueiro (ou será um curral?).  O cheiro de merda impregnou-se no ar de tal forma que se poderia dizer que ele passou a fazer parte da alma e da cultura de sua gente estúpida e esquálida. A população de Ipupolância nasceu e cresceu na merda (merda grossa e merda fina). Sonha com uma merda melhor (merda fausta), e quer viver vegetando na merda (merda gorda). Ela possuiria também a alma de rola-bosta? Esta é a verdade verdadeira. E até a próxima merda!



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