quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ipu: perfil urbano VIII



Mapa da cidade de Ipu mostrando o centro e regiões adjacentes. Adaptado com base no desenho que consta no Plano Diretor do Município. Os espaços numerados correspondem àqueles que mais mencionamos aqui e nos capítulos subsequentes.

O Mercado Público é um prédio que toma todo um quarteirão, disposto em um quadrilátero, com quatro entradas centrais e que dão acesso ao seu interior. Dentro, se vende de tudo, desde peixe e carnes, artigos de calçados, até refeições (café da manhã, almoço, lanche). Os pontos comerciais do interior e do exterior não têm comunicação, ao contrário do que ocorria no início do século. Em uma das reformas pelas quais passou, durante a administração de Francisco Rocha Aguiar (1967-1970), fechou-se o acesso de seus estabelecimentos para o seu interior, destruindo uma varanda, peculiar ao comércio da época.
Em um de seus lados, próximo à antiga Casa de Câmara e Cadeia Pública, ainda são realizadas as feiras semanais, ponto forte da economia da cidade nos primeiros anos do século passado. Estes dois prédios, o Mercado Público e a Casa de Câmara, embora novos no início do século XX, foram objetos de reclamação daqueles que sonhavam com a modernidade. Para o primeiro, defendia-se sua higienização e reformas, para transformá-lo, esteticamente, num prédio moderno e, para o segundo, uma ampla intervenção, que desse a ele uma face mais moderna, e que tivesse uma função apenas administrativa, expulsando para longe dos muros da cidade a cadeia pública, com base na construção de outro prédio para este mister, o que, de fato, é levado a cabo e inaugurado em 1933. 
Deste ponto, a poucos metros de distância e à direita, pode-se avistar a atual Igreja Matriz de Ipu, o grande templo, cujo início de construção data ainda de 1913, defendida por aqueles que acreditavam que a matriz de então, a hoje Igreja de Nossa Senhora do Desterro, construção que data da segunda metade do século XIX, estava em desacordo com “o grau de desenvolvimento da cidade”.
Derrubada do casarão que pertenceu ao Cel. José Raimundo de Aragão Filho. Fotografia de 2008. Acervo do autor.
Para o lado esquerdo, descendo a atual rua Dr. Chagas Pinto, pode-se avistar um grande prédio moderno, de dois andares, e construído recentemente no local onde existia um casarão que pertenceu, nos anos iniciais do século XX, ao Cel. José Raimundo de Aragão Filho, empresário e prefeito de Ipu, entre 1914 e 1925, e cuja arrogante calçada de mais de um metro de altura tinha a função simbólica de exteriorizar o poder e a riqueza de quem residia ali. Quem passava por ali, no início do século XX, poderia ter a sensação de que a calçada, as ricas janelas e imensas portas, arrotavam orgulho e queriam dizer algo para as pessoas. Em outro contexto, tal arrogância não foi suficiente para salvá-la da destruição.
Na interseção entre as ruas Dr. Chagas Pinto e Cel. Liberalino se pode ver a escola secundária Auton Aragão, antigo prédio das Escolas Reunidas, onde parte dos filhos das abastadas famílias ipuenses estudava. Fica em uma rua estreita, chamada no início do século XX de Beco do Progresso, hoje rua Teodoreto Souto. No lado oposto ao colégio, residiam, segundo João Mozart da Silva, as prostitutas, em quinze quartos que eram usados como cabaré à noite. Bem no centro da cidade, próximo ao mercado público e ao espaço da feira, era uma local frequentemente buscado por viajantes, feirantes e a população local, o que incomodava as famílias ilustres do lugar e os homens do poder que, logo, trataram de expulsá-las dali.

Continua...





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