Capa do Livro, Bacamarte dos Mourões, de Nertan Macedo. Edição de 1966. |
Em meados do século
XIX, a extensa família dos Mourões, em luta declarada contra os seus desafetos,
empreendeu um verdadeiro banho de Sangue, na então Freguesia de São Gonçalo da
Serra dos Cocos.
O período de 16 anos,
que vai do natal de 1830 ao ano de 1846, é aquele em que o Bacamarte dos
Mourões cuspiu fogo em toda a freguesia. Segundo Eusébio de Sousa, no pequeno
povoado de Ipu, ninguém se julgava seguro ou garantido pela lei. A lei era a do
bacamarte. Em sete partes, contamos um pouco do episódio. Para quem tiver interesse, boa leitura.
QUEM ERAM OS MOURÕES?
O fundador do “clã” dos
Mourões foi, segundo Nertan Macedo, Antônio da Silva Mourão, que, vindo de
Pernambuco, habitou na Fazenda Jardim.
Esta ficava próximo da então povoação de Piranhas (5 léguas), mais tarde,
Príncipe Imperial, depois Carateús, hoje, Crateús.
Antonio da Silva
Mourão, um pernambucano, emigrou para os sertões da atual cidade de Crateús, em
meados do século XVIII.
O século XVIII foi o
período em que o Rei de Portugal estimulou a penetração para o interior, com o
objetivo de ocupá-lo. Distribuiu extensas sesmarias (lotes de terras).
Feitosas, Chaves, Melos e Mourões, todos parentes, adquiriram propriedades nas
extensas paragens do interior do Ceará.
Os descendentes de
Antonio da Silva Mourão adquiriram extensas propriedades de terras na imensa
freguesia da Serra dos Cocos, da qual o povoado de Ipu fazia parte. Dois de
seus filhos, Sebastião e Alexandre Mourão, casaram com as filhas do capitão-mor,
Antônio de Barros Galvão. Este adquiriu, no sopé da Serra da Ibiapaba, o Sítio
Canabrava, além de outros, entre os quais se incluía o sítio Boa Esperança, localizado no distrito da
Matriz da Serra dos Cocos. (O Sítio Canabrava – “Chama-se hoje Vila de
Ararendá", "tendo pertencido, outrora, ao Ipu e Ipueiras e atualmente
a Nova Russas”. O Bacamarte dos Mourões,
p. 14).
Alexandre Mourão passou
a explorar as terras de seu sogro, no Sítio Boa Esperança, enquanto seu irmão,
Sebastião, fazia o mesmo na Canabrava. Este último, adquiriu muitas terras na
região. Com sua morte, seus filhos herdaram suas terras, cabendo maiores
pedaços a Manoel Ribeiro de Melo (Melinho), João Ribeiro de Melo, José de
Barros Melo, o Cascavel, e o coronel Luiz Lopes Teixeira, seu genro.
Melos e Mourões eram
também parentes dos feitosas, dos inhamuns, pelo ramo Araújo. Melos, Mourões,
Feitosas, Araújos, eram parentes.
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