O Mercado Público é um prédio que toma
todo um quarteirão, disposto em um quadrilátero, com quatro entradas centrais e
que dão acesso ao seu interior. Dentro, se vende de tudo, desde peixe e carnes,
artigos de calçados, até refeições (café da manhã, almoço, lanche). Os pontos
comerciais do interior e do exterior não têm comunicação, ao contrário do que
ocorria no início do século. Em uma das reformas pelas quais passou, durante a
administração de Francisco Rocha Aguiar (1967-1970), fechou-se o acesso de seus
estabelecimentos para o seu interior, destruindo uma varanda, peculiar ao
comércio da época.
Em um de seus lados, próximo à antiga
Casa de Câmara e Cadeia Pública, ainda são realizadas as feiras semanais, ponto
forte da economia da cidade nos primeiros anos do século passado. Estes dois
prédios, o Mercado Público e a Casa de Câmara, embora novos no início do século
XX, foram objetos de reclamação daqueles que sonhavam com a modernidade. Para o
primeiro, defendia-se sua higienização e reformas, para transformá-lo,
esteticamente, num prédio moderno e, para o segundo, uma ampla intervenção, que
desse a ele uma face mais moderna, e que tivesse uma função apenas
administrativa, expulsando para longe dos muros da cidade a cadeia pública, com
base na construção de outro prédio para este mister, o que, de fato, é levado a
cabo e inaugurado em 1933.
Deste ponto, a poucos metros de
distância e à direita, pode-se avistar a atual Igreja Matriz de Ipu, o grande
templo, cujo início de construção data ainda de 1913, defendida por aqueles que
acreditavam que a matriz de então, a hoje Igreja de Nossa Senhora do Desterro,
construção que data da segunda metade do século XIX, estava em desacordo com “o
grau de desenvolvimento da cidade”.
Para o lado esquerdo, descendo a atual
rua Dr. Chagas Pinto, pode-se avistar um grande prédio moderno, de dois
andares, e construído recentemente no local onde existia um casarão que
pertenceu, nos anos iniciais do século XX, ao Cel. José Raimundo de Aragão
Filho, empresário e prefeito de Ipu, entre 1914 e 1925, e cuja arrogante
calçada de mais de um metro de altura tinha a função simbólica de exteriorizar
o poder e a riqueza de quem residia ali. Quem passava por ali, no início do
século XX, poderia ter a sensação de que a calçada, as ricas janelas e imensas
portas, arrotavam orgulho e queriam dizer algo para as pessoas. Em outro
contexto, tal arrogância não foi suficiente para salvá-la da destruição.
Derrubada do casarão que pertenceu ao Cel. José Raimundo de Aragão Filho. Fotografia de 2008. Acervo do autor. |
Na interseção entre as ruas Dr. Chagas
Pinto e Cel. Liberalino se pode ver a escola secundária Auton Aragão, antigo
prédio das Escolas Reunidas, onde parte dos filhos das abastadas famílias
ipuenses estudava. Fica em uma rua estreita, chamada no início do século XX de
Beco do Progresso, hoje rua Teodoreto Souto. No lado oposto ao colégio,
residiam, segundo João Mozart da Silva, as prostitutas, em quinze quartos que
eram usados como cabaré à noite. Bem no centro da cidade, próximo ao mercado
público e ao espaço da feira, era uma local frequentemente buscado por viajantes,
feirantes e a população local, o que incomodava as famílias ilustres do lugar e
os homens do poder que, logo, trataram de expulsá-las dali.
Continua...
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