Abílio Martins. Imagens usadas: do acervo do prof. Mello |
Ainda hoje em
Ipu, no cenário político, há lideranças cujas tradições remontam ao final do
século XIX. Embora seu poder já não seja o mesmo, assim como o momento,
sobrenomes de antigas lideranças ainda continuam a ecoar na política municipal.
Na época do império, meados do século
XIX, surgiram, no cenário político local, dois grupos antagônicos que
disputavam o poder. De um lado os Aragão, herdeiros políticos dos porfírio, e
que juntaram o apoio dos Bessa Guimarães, que vieram de Sobral para o Ipu junto
com a ferrovia (1894), e de outro, os Martins, cuja liderança tem ligações com
o padre Correia, fortalecidos depois com
a adesão da Família José Lourenço.
Com a montagem da política oligárquica
durante a República Velha, e a ascensão ao poder no Estado do Ceará de Pinto
Nogueira Accioly, ainda nos anos finais do século XIX, os Martins de Ipu assumem
o poder na Terra de Iracema. Governaram até a queda de Franco Rabelo, em
1914, apoiando-se na oligarquia aciolina.
Momentaneamente, em um cenário
conturbado dos primeiros anos da segunda década do século XX, os Martins, além
de serem destituídos do poder em detrimento dos Aragão, são durante perseguidos
por forças policiais do Estado, cujo episódio mais chocante foi a implacável
“caça” ao cel. João Martins da Jaçanã (Sobre caso ver artigos neste blog : http://amoscanomeupao.blogspot.com.br/2013/03/joao-martins-da-jacana-e-o-caso-do-ipu.html).
Joaquim de Oliveira Lima |
Após o episódio e as perdas
representadas para os lados (Martins e Aragão), constrói-se
uma aliança duradora entre as tradicionais lideranças políticas de Ipu, que lhes permite o domínio da máquina pública sem nenhum incidente
importante e em paz duradoura até a “Revolução de 1930”. O Grande maestro que
construiu a nova orquestra, que tocava afinada, foi Abílio Martins, sem dúvida,
o maior líder político das primeiras décadas do século XX, até sua morte em
1923. Essa aliança permitiu que José Raimundo de Aragão Filho governasse a
cidade de Ipu, como intendente, de 1914 até 1925, 11 anos seguidos, e passasse
o poder para seus sucessores, Cel. Félix Martins e Manoel Vitor de Mesquita.
A “Revolução de 1930” e a ascensão ao
poder de Getúlio Vargas, não rompeu, em definitivo, com o cenário político
anterior, pelo menos em nível local. Afinal, não havia grupo político opositor.
Joaquim Lima, grande comerciante local, porém, sem muita expressividade
política dentro da aliança criada entre Martins e Aragão, foi o interventor
escolhido para o Governo. De 1930 a 1935, acomodou no poder as antigas forças,
porém, não mais tinha espaço para todos e as divergências políticas começaram a
surgir. Os negligenciados começaram a criar um grupo forte que, mais
tarde, chegaria ao poder. O que é interessante é que houve uma divisão nas até
então alianças construídas e os descontentes com o governo de Joaquim Lima
começaram a acusar a sua administração de corrupta.
Pode-se dizer que aqueles que estiveram
no governo de Joaquim Lima, se transformaram em uma força importante que
governou a Terra de Iracema durante quase todo o período de Vargas
(1930-1945).
No período democrático (1946-1964),
pode-se dizer, também, que não havia grupos políticos ideologicamente formados,
porém, Martins e Aragão, e mais ainda o grupo daqueles que assumiram o governo
no período Vargas, ainda eram fortes, mas, sem muita coesão como antes, havendo
sucessivas alianças entre eles, intercaladas por momentos de divergências,
mesmo no seio de cada grupo.
Abdias Martins |
Neste período as alianças construídas
elegeram por duas vezes Abdias Martins de Sousa Torres para governar o
município (na 1ª, em votação indireta pela câmara em função da morte de seu pai
adotivo, o eleito nas urnas). Os Martins continuavam fortes.
Com a renúncia do prefeito eleito em
1951 e a eleição indireta na câmara, que colocou na cadeira de prefeito José
Oscar Coelho (1952-1954), o grupo da ala iniciada com Joaquim Lima em 1930,
reassume o poder. Essa tradição continua com Zeferino de Castro (1959-1960) e
Antonio Pereira de Farias (1960-1966), intercalada pelo governo de Abdias, que
neste momento, parece unir ampla aliança.
Continua...
Continua...
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