Caso o nosso viajante quisesse conhecer
este local, se decepcionaria mais uma vez, pois ali funcionam hoje alguns
estabelecimentos comerciais e sedes de secretarias da administração local. Mas
sabedor de que as prostitutas, expulsa do centro da cidade, se deslocaram para
o local que ficaria conhecido à época como Rua da Mangueira, então desabitado,
no atual bairro da Caixa D’água, e lá ergueram um famoso cabaré, poderia ele
querer visitá-las lá. Bastaria, para isso, pegar o caminho de volta, pela Rua
Cel. Liberalino, até o mercado público, virar, então, à esquerda, na atual rua
Antonio Martins, subir, passar pelo antigo Bilhar e Padaria do Zé Padeiro, que
não existe mais, onde os rapazes da época se reuniam, à noite, para dali rumar
“em esticada”, com suas lanternas, à Rua da Mangueira, para uma noitada no
cabaré. Após andar por algum tempo, chegaria ao local onde no início do século
passado foi erguido o mais famoso cabaré da região e que fez a fama da cidade
de Ipu como lugar do prazer e da perdição, um contraponto a sua imagem
construída de cidade moderna. Inicialmente, era composto por “oito casinhas”
“rebocadas”, “caiadas” e “cobertas de telhas” [1] e aonde se ia não apenas para a
prática do sexo, mas para diversões várias.
O último foco do cabaré foi destruído
na década de 1980, quando, já decadente, as suas últimas casinhas foram
destruídas na administração de Francisco Eufrásio Mororó (1982-1988). A cidade tinha crescido e
englobado o antigo cabaré. A antiga Rua da Mangueira é hoje parte de uma área
nobre da cidade.
Embora a história que nos propomos a
contar faça parte, cronologicamente, de um passado relativamente distante, a
sua lembrança parece estar bastante viva na memória de parte de seus
habitantes, que ainda pode identificá-la em construções e costumes. Em alguns
momentos, esta memória vem à tona, como foi o caso da luta do povo ipuense pela
devolução da Estação Ferroviária, vendida à iniciativa e resgatada
posteriormente pela pressão da sociedade organizada, tendo papel de destaque a
entidade que reúne os ipuenses espalhados pelo mundo, com a denominação de
Associação dos Filhos e Amigos de Ipu (Afai), preocupada com a preservação do
patrimônio local e a memória da cidade, ainda que ligada aos grupos dominantes.
Não à toa que parte de seus membros são parentes dos homens poderosos que
viveram as décadas iniciais do século XX e lutaram para erguer os monumentos
que hoje estão sendo destruídos.
Gostaria de saber alguma coisa sobre as Familias Sousa, Lima e Nunes de Ipu de meados do ano de 1900
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