Indicada para o Ministério do Trabalho por um político condenado
pela justiça, seu pai e ex-deputado Roberto Jefferson, condenada em duas ações
trabalhistas, citada em delação da Odebrecht, na Operação Lava Jato, como
beneficiária de caixa dois no valor de R$ 200 mil, e tendo como suplente, que
assumirá a sua vaga na Câmara dos Deputados caso seja empossada no novo cargo,
Nelson Nahin (PSD-RJ), um ex-presidiário, Cristiane Brasil (PTB-RJ) escancara a atual
realidade política do país, que não deve ser tão diferente daquela do passado,
dado a falta de investigação de antes.
O que esperar de um
Congresso que teve mais de 200 políticos de 24 partidos citados em documento de
apenas uma das muitas empresas envolvidas em atos de corrupção com o Congresso,
a Odebrecht, como beneficiários de propinas, em troca de vantagens? O que
esperar de um governo que tem em sua cúpula, a começar pelo presidente, pessoas
investigadas pela Polícia Federal com provas contundentes de que cometeram
vários crimes (corrupção, lavagem de dinheiro, evasão fiscal, formação de
quadrilha, etc.)?
O que esperar de um
congresso amplamente conservador, reacionário, corrupto, que tem entre seus
componentes uma aliança de partidos ou bloco que foi apelidado de “bancada do
BBB”: da “Bala” (deputados ligados à Polícia Militar, aos esquadrões da morte e
às milícias privadas), do “Boi” (grandes proprietários de terra, criadores de
gado) e da “Bíblia” (neopentecostais integristas, homofóbicos, racistas e
misóginos), que com o ridículo de suas atitudes e discursos horrendos, fascinam
bufões, idiotas e moscas tontas?
A crise política, apesar
das consequências dramáticas para a nação, tem o seu lado bom: ela escacara a
podridão de sua estrutura e mostra a política como exercício do poder e não
como exercício do bem comum. Esqueça esse negócio de direita e esquerda! Nenhum
dos lados envolvidos no jogo do poder pensa na coletividade, mas nos interesses
próprios. Segundo levantamento, comprovadamente cerca de 60% daqueles que
compõem o atual Congresso Nacional (Câmara e Senado) estão profundamente
envolvidos em atos de corrupção.
O famigerado Eduardo
Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, mantinha a fidelidade de um grupo
de deputados com propinas obtidas em vários esquemas de corrupção. Ele sustentava
o apoio dos deputados e aliados por meio de mesadas pontuais. Segundo delação,
ele teria transformado o Congresso Nacional num balcão de negócios, a serviços de grandes
empresas.
Estamos reféns de agentes
políticos, claramente venais, medíocres e subservientes aos interesses do
grande capital, com o objetivo de manter ganhos para os proprietários. Vivemos
num cenário em que o mercado compra a política e ameaça desmontar, por meio de
suas próprias instituições, o Estado de direito democrático, caso ele não seja
moldado segundo os seus interesses. Pouco importa o regime político, se
democrático ou ditatorial: o que importa é o lucro. Quanto mais os agentes do
poder forem venais, tanto melhor.
Mais do que isso, estamos assistindo,
de forma irresponsável, pacífica e covarde, uma realidade em que o mercado
controla a política, se apropriando não apenas do orçamento público, mas
comprometendo o acesso a riquezas nacionais, passando a ser geridas como
espólios para a rapina internacional.
Diante de tudo isso, e das
abertas negociações espúrias do governo com o Congresso Nacional, para aprovar
uma legislação que retira direitos dos grupos mais frágeis, podemos entender a crise
de legitimidade dos órgãos eletivos, os quais compete, por meio de um discurso fantasioso
e, por vezes, ridículo, editar legislações francamente antissociais, mas que beneficiam
os operadores do mercado. Somos governados por agentes que não representam a
grande maioria dos brasileiros. Contra aqueles que se insurgem contra o atual
estado de coisas logo são tomadas medidas autoritárias.
Mesmo diante dessa realidade sufocante,
um bando de imbecis fica discutindo o sexo dos anjos, incitados por pessoas e
grupos organizados, de ambos os lados, que lançam nas redes sociais notícias
falsas e incitam debates de caráter amplamente moralista e apelativo como forma
de desfiar a atenção daquilo que mais importa.
A solução para a política é a
política, acordem!
0 comentários:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário, opinião e sugestões. Um forte abraço!