O anúncio de
que a nova ministra do trabalho é Cristiane Brasil, deputada do PTB-RJ, filha
do ex-deputado Roberto Jefferson, condenado no julgamento do “mensalão”, foi
amplamente atacado nas redes sociais e por parte da imprensa.
A indignação
é legítima, mas a indicação é bastante coerente com o governo que nós temos. Na
verdade, penso até que não poderia ser diferente. Somente um governo honesto,
se é que existe algum num sistema político corruptível como o brasileiro, de
coalisão, estaria preocupado em escolher sua equipe de ministros entre pessoas
ilibadas.
A nova
ministra do trabalho foi citada em delação da Odebrecht, na Operação Lava Jato,
como beneficiária de caixa dois no valor de R$ 200 mil. Eleita deputada federal
em 2014, presidente do PTB em 2016, articulou o voto da legenda a favor do impeachment
da então presidenta Dilma Rousseff, manobrado pelo famigerado Eduardo Cunha,
Michel Temer e o PSDB. Na votação na Câmara dos Deputados, no dia 17 de abril,
ela usou o símbolo das manifestações pro-impeachment, a camisa amarela da
seleção brasileira, para declarar o seu voto. No seu rápido discurso, lembrou a
cassação do mandado do pai, onze anos antes, e votou contra Dilma em
“homenagem” ao seu “honesto” patriarca.
O novo nome para compor a importante
pasta do Ministério do Trabalho, tinha que ser alguém que esteve com o atual
presidente na aprovação de seus projetos “essenciais” para “consertar” o
Brasil, pelo menos no discurso, à custa dos mais pobres: votou a favor da
fatídica PEC do Teto dos Gastos Públicos e a terceirização para todas as
atividades. Logicamente, votou a favor da reforma trabalhista e, evidentemente,
contra a abertura de investigação contra o super-honesto Michel Temer, que
poderia afastá-lo da presidência. Tem mais. No ano passado, foi contra o
Projeto de Lei 5069/2013, que coloca uma série de dificuldades para mulheres
vítimas de estupro serem submetidas legalmente a um aborto.
Não poderia ser um nome melhor! Claro,
se você tiver em mente o governo que nós temos. Cristiane Brasil entra para um
time seleto de ministros ou ex-ministros do governo Temer, como ele próprio,
citados em delações premiadas, como Moreira Franco, o “angorá” na planilha da
Odebrecht, citado 30 vezes numa delação, e que teria recebido R$ 3 milhões,
José Serra, que teria recebido R$ 23 milhões via caixa dois para a campanha presidencial
na eleição de 2010, Eliseu Padilha, o “Primo”, que teria recebido, em benefício
próprio, R$ 1 milhão, Gilberto Cassab, o “Kafka”, teria recebido doações de R$
14 milhões entre 2013 e 2014, Leonardo Pinheiro, Bruno Araújo, Marcos
Pereira, dentre outros.
Para piorar as coisas... “Calma, e pode
piorar?” Claro, estamos aprendendo ultimamente que, na política brasileira, há
sempre um espaço de manobra que pode tornar as coisas ainda mais dramáticas,
para nós, claro. O poço não tem fundo! Com a ida de Cristiane Brasil para o
ministério, assumirá sua vaga na Câmara, seu suplente, Nelson Nahin
(PSD-RJ), um ex-presidiário, irmão do ex-governador do Rio de
Janeiro, Anthony Garotinho, também “honesto”.
Cristiano Brasil entra para um time
seleto, uma “tropa de elite", uma espécie de seleção
brasileira de assaltantes da nação, a camisa ela já tem.
E você, queria o que, alguém
honesto, no real cenário? Não me venha com discurso moralista, “seu
reacionário, fascista de direita!” Ou seria petista, “comunista, esquedopata do
caralho!?”
Num mar de imbecis, ignorantes e
idiotas, cabe qualquer discurso!
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