segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ipu Antigo I



Antiga Rua da Goela. Sem data. Fonte: Acervo do prof. Mello.
A ocupação das terras que dariam mais tarde origem a cidade de Ipu, a julgar pela carta de sesmaria, só ocorreu no início do século XVIII[1]. Sobre os nativos que aqui viviam antes, nada se sabe. Embora historiadores e memorialistas afirmem que a ocupação da região tenha se dado com base na catequese, nenhuma fonte atesta isso. Segundo Francisco Sadoc, abaixo do rio Inhucú, demarcador entre a serra acima e abaixo, não houve missões e os índios tabajaras rareavam[2]. Estes estavam aldeados apenas no norte, acima do rio. Se as missões jesuíticas tiveram papel de destaque para a conquista e colonização da Ibiapaba, como demonstra a historiografia cearense, abaixo do Inhucú esse papel parece ter sido do colono, e apenas durante o século XVIII, tomando posse da terra mediante concessão de sesmarias pela coroa portuguesa.
Durante o século XVIII, Ipu não passou de um pequeno povoado sem muita importância, subordinado religiosamente à freguesia da Serra dos Cocos, criada em 1757[3], e politicamente à Vila Nova d’El Rey, desde a criação desta, em 1791[4]. Essa posição de subordinação mudaria ao longo do século XIX, sobretudo na segunda metade desta centúria, quando o município se tornou grande produtor de algodão. A mudança de seu estatuto econômico se traduziria em sua sucessiva elevação à categoria de Vila, em 1840, com a denominação de Vila Nova do Ipu Grande[5], à condição de sede da freguesia, de fato, em 1844, e de direito, em 1883[6], à cabeça de Comarca, desmembrada de Sobral, em 1847[7], e, finalmente, à condição de cidade, em 1885[8].
Quando chegamos ao último quartel do século XIX, encontramos a cidade de Ipu em pleno florescimento. A inauguração da Estação Ferroviária, em 10 de outubro de 1894, e a chegada da ferrovia, dariam novo alento a este crescimento.

Continua...



[1] A sesmaria que abrange a atual cidade de Ipu foi concedida em 1722 ao capitão Luiz Vieira de Sousa (três léguas). Segundo a carta, com objetivo de utilizar as terras para a criação de gado. O registro da data de sesmaria é 17 de julho de 1722, Cf. Datas de Sesmarias. Fortaleza: Typographia Gadelha, 1926. Vol. 10º e 11º.
[2] ARAÚJO. Francisco Sadoc. História Religiosa de Guaraciaba do Norte. Fortaleza-CE: Imprensa Oficial do Ceará, 1988, p. 23.
[3] Por provisão de 30 de agosto de 1757, o bispado de Pernambuco dividiu o extenso Curato da Ribeira do Acaraú em quatro freguesias: a de Nossa Senhora da Conceição de Amontada; Santo Antônio de Pádua do Coreaú; Nossa Senhora da Conceição da Caiçara (Sobral); e São Gonçalo da Serra dos Cocos. Esta última compreendia as vertentes do Acaraú, da barra do Macaco para cima, o sertão e Serra da Ibiapaba. Provisoriamente foi destinada para Matriz da Freguesia a capela de São Gonçalo do Amarante, onde se chama Serra dos Cocos. Ver: ARAÚJO. Francisco Sadoc. História Religiosa de Guaraciaba do Norte. Op. cit.
[4] A Vila Nova d’El Rey foi criada pelo Alvará de 12 de maio de 1791, com sede em Campo Grande, atual Guaraciaba do Norte. Idem, p. 15.
[5] Lei nº 200 de 26 de agosto. SINOPSE ESTATÍSTICA DE IPU. Rio de Janeiro. IBGE., 1948.
[6] O vigário colado da freguesia da Serra dos Cocos, nomeado em 10 de julho de 1842, tomou posse em janeiro do ano seguinte. Em 1844, de acordo com o Pe. Sadoc, a Matriz de São Gonçalo ameaçou ruir. O padre Correia conseguiu licença para transferir as imagens e alfaias para a capela da Vila Nova do Ipu Grande, onde passou a morar. A Vila Nova do Ipu Grande ganha, de fato, foros de sede da Freguesia, mas somente em 1883 foi criada a Freguesia de São Sebastião de Ipu, pela lei provincial nº 2.037, de 27 de outubro de 1883. Idem, p. 3.
[7] Foi criada a Comarca de Ipu, desmembrada de Sobral, por lei provincial de 31 de agosto de 1847. Revista dos Municípios, Fortaleza-Ce, ano I, nº 1, fev. 1929, p. 16.
[8] Pela lei provincial n° 2.098, de 25 de novembro de 1885. SINOPSE ESTATÍSTICA DE IPU. Op. cit., p. 3.
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