Antiga Rua da Goela. Sem data. Fonte: Acervo do prof. Mello. |
A ocupação das terras que dariam mais
tarde origem a cidade de Ipu, a julgar pela carta de sesmaria, só ocorreu no
início do século XVIII[1].
Sobre os nativos que aqui viviam antes, nada se sabe. Embora historiadores e
memorialistas afirmem que a ocupação da região tenha se dado com base na
catequese, nenhuma fonte atesta isso. Segundo Francisco Sadoc, abaixo do rio
Inhucú, demarcador entre a serra acima e abaixo, não houve missões e os índios
tabajaras rareavam[2]. Estes
estavam aldeados apenas no norte, acima do rio. Se as missões jesuíticas
tiveram papel de destaque para a conquista e colonização da Ibiapaba, como
demonstra a historiografia cearense, abaixo do Inhucú esse papel parece ter
sido do colono, e apenas durante o século XVIII, tomando posse da terra
mediante concessão de sesmarias pela coroa portuguesa.
Durante o século XVIII, Ipu não passou
de um pequeno povoado sem muita importância, subordinado religiosamente à
freguesia da Serra dos Cocos, criada em 1757[3], e politicamente à Vila Nova d’El Rey,
desde a criação desta, em 1791[4]. Essa posição de subordinação mudaria
ao longo do século XIX, sobretudo na segunda metade desta centúria, quando o
município se tornou grande produtor de algodão. A mudança de seu estatuto
econômico se traduziria em sua sucessiva elevação à categoria de Vila, em 1840,
com a denominação de Vila Nova do Ipu Grande[5],
à condição de sede da freguesia, de fato, em 1844, e de direito, em 1883[6],
à cabeça de Comarca, desmembrada de Sobral, em 1847[7],
e, finalmente, à condição de cidade, em 1885[8].
Quando chegamos ao último quartel do
século XIX, encontramos a cidade de Ipu em pleno florescimento. A inauguração
da Estação Ferroviária, em 10 de outubro de 1894, e a chegada da ferrovia,
dariam novo alento a este crescimento.
Continua...
[1] A sesmaria que abrange a atual
cidade de Ipu foi concedida em 1722 ao capitão Luiz Vieira de Sousa (três
léguas). Segundo a carta, com objetivo de utilizar as terras para a criação de
gado. O registro da data de sesmaria é 17 de julho de 1722, Cf. Datas de Sesmarias. Fortaleza:
Typographia Gadelha, 1926. Vol. 10º e 11º.
[2] ARAÚJO. Francisco Sadoc. História
Religiosa de Guaraciaba do Norte. Fortaleza-CE: Imprensa Oficial do
Ceará, 1988, p. 23.
[3] Por provisão de 30 de agosto de
1757, o bispado de Pernambuco dividiu o extenso Curato da Ribeira do Acaraú em
quatro freguesias: a de Nossa Senhora da Conceição de Amontada; Santo Antônio
de Pádua do Coreaú; Nossa Senhora da Conceição da Caiçara (Sobral); e São
Gonçalo da Serra dos Cocos. Esta última compreendia as vertentes do Acaraú, da
barra do Macaco para cima, o sertão e Serra da Ibiapaba. Provisoriamente foi
destinada para Matriz da Freguesia a capela de São Gonçalo do Amarante, onde se
chama Serra dos Cocos. Ver: ARAÚJO. Francisco Sadoc. História Religiosa de Guaraciaba do Norte. Op. cit.
[4] A Vila Nova d’El Rey foi criada
pelo Alvará de 12 de maio de 1791, com sede em Campo Grande, atual Guaraciaba
do Norte. Idem, p. 15.
[5] Lei nº 200 de 26 de agosto. SINOPSE
ESTATÍSTICA DE IPU. Rio de Janeiro. IBGE., 1948.
[6] O vigário colado da freguesia da
Serra dos Cocos, nomeado em 10 de julho de 1842, tomou posse em janeiro do ano
seguinte. Em 1844, de acordo com o Pe. Sadoc, a Matriz de São Gonçalo ameaçou
ruir. O padre Correia conseguiu licença para transferir as imagens e alfaias
para a capela da Vila Nova do Ipu Grande, onde passou a morar. A Vila Nova do
Ipu Grande ganha, de fato, foros de sede da Freguesia, mas somente em 1883 foi
criada a Freguesia de São Sebastião de Ipu, pela lei provincial nº 2.037, de 27
de outubro de 1883. Idem, p. 3.
[7] Foi criada a Comarca de Ipu,
desmembrada de Sobral, por lei provincial de 31 de agosto de 1847. Revista dos Municípios, Fortaleza-Ce,
ano I, nº 1, fev. 1929, p. 16.
[8] Pela lei provincial n° 2.098, de 25
de novembro de 1885. SINOPSE ESTATÍSTICA DE IPU. Op. cit., p. 3.
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