Estação. Fotografia de 1922. Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br |
Em quatro partes, buscamos
contar um pouco da História da Estação Ferroviária de Ipu, inaugurada ainda em fins
do século XIX, discutir sua importância para o crescimento da cidade e,
finalmente, o seu resgate e restauro apontado, por alguns, como malsucedido, e
por outros, como forma de desvio de dinheiro público, algo, convenhamos,
corriqueiro em nossa história política.
Histórico
A
Estação Ferroviária de Ipu fazia parte do conjunto arquitetônico da Estrada de
Ferro de Sobral (EFS). Construída pelo Governo Imperial, essa ferrovia e todos
os seus equipamentos, deveriam minorar, segundo os discursos da época, os
efeitos nocivos da seca de 1877-1879 que assolou o Estado do Ceará. A sua construção
deveria proporcionar trabalho a milhares de flagelados e facilitar a
distribuição de alimentos para a população necessitada.
A
Estação Ferroviária de Ipu foi inaugurada em 10 de outubro de 1894, quando a
ferrovia passou a circular por estas paragens. Já nas primeiras décadas do
século XX, em relativo pouco espaço de tempo, o trem provocou algumas mudanças
econômicas significativas para a localidade: incrementou a produção agrícola,
engendrou as famosas feiras e dinamizou o comércio local. A cidade ficou ligada
ao comércio regional, local e internacional a partir do porto de Camocim. Era
por meio deste porto que mercadorias, capitais, livros e, principalmente,
ideias circulavam.
Importância da Ferrovia
O trem contribuiu para a
transformação do espaço urbano local, incrementou a população (de cerca de 11
mil hab. em 1890 primeiro censo
republicano - 20 mil hab. em 1915
números de Eusébio de Sousa). Fez
surgir novos bairros como Corte, Pereiros e Pedrinhas. (Este último só passou a
ter esse nome após 1932).
A
ferrovia não apenas fez surgir novos núcleos de povoamento, fez surgir também
novas ruas e traçados. Deslocou o eixo central do “velho povoamento”, onde
teria surgido a cidade (Quadro da Igrejinha) para o novo eixo em torno da
Estação Ferroviária. Logo em volta do imponente prédio da Estação surgiram
várias vendas e pensões. A cidade passou a ter um novo polo de desenvolvimento com
base na ferrovia. Passou a crescer em torno da Estação Ferroviária, não só em
espaço físico, mas também, fundamentalmente, em desenvolvimento econômico e
social, como mostramos.
A Estação passou a ser o
nervo e vida da cidade. Todos os dias inúmeras pessoas, nos horários de trens,
transitavam em torno dela. Muitos transeuntes para ali iam apenas para observar
o “enxame” de pessoas que embarcavam e desembarcavam diariamente. Antes dos
embarques e desembarques muitos vendedores ambulantes acorriam para a Estação a
fim de venderem suas mercadorias.
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