Bacamarte turco, arma usada na época. Fonte: http://lampiaoaceso.blogspot.com.br |
Alexandre na Política
Quando Alexandre Mourão
ingressou na política, a província passou a ser governada por um padre que não
gostava e tinha particular “ojeriva aos cangaceiros”, pelo menos aqueles que
não rezavam pela cartilha do partido liberal, do qual era um dos “dungas”, no
império do Brasil, além de chefe absoluto na sua terra natal, Ceará. Os Mourões
eram conservadores e, por isso mesmo, o padre não os queria livres. Pretendia
vê-los na cadeia. O padre, portanto, decretou a destruição dos mourões e dos
seus feudos, alegando os “crimes” cometidos por todos eles.
Senador Alencar
José Martiniano veio do Rio
de Janeiro para declarar guerra de extermínio aos "guerreiros
bárbaros", acostados aos grandes fazendeiros, comendo com eles à mesa, o
bacamarte na mão ou encostados à porta das igrejas, na hora da missa,
aguardando somente a ordem de matar.
Segundo Nertan Macedo,
"chega à província, disposto a não perdoas os matadores, os criminosos, os
erradios do assassínio, a soldo dos senhores de gado. Proclama de imediato sua
intenção de não atender nem ‘passar a mão’ na cabeça de bandidos’”
“As vistas de Alencar, o seu
ódio, a sua mão de ferro estavam, porém, voltadas para o Ipu, para São Gonçalo
da Serra dos Cocos, para a Boa Esperança, donde o espreitavam Alexandre Mourão
e seus irmãos e apaniguados, protegidos do Barão de Icó, correligionários
políticos dos Fernandes Vieira (...)”. (O Bacamarte dos Mourões", p.
42-44)
Era ali, na Serra dos Cocos,
que o senador queria alcançá-los, a todos eles, os Mourões, seus desafetos
políticos.
Segundo Alexandre Mourão, em
suas memórias, José Martiniano tentou trazer os Mourões para o seu lado, mas a
tentativa não se consumou.
Alencar despachou ao sertão
do Ipu, o tenente José Felix Bandeira, com um volante de quarenta praças,
"para varrer os Mourões da face da Serra e da planície. Tomar-lhes os
bens, arrasar-lhes as fazendas, fazer-lhes todo o mal possível imaginário”. (idem
p. 45).
Não eram poucas então as
dificuldades resultantes da ação repressiva rigorosa do presidente Alencar,
vencidas afinal com a queda dos liberais.
Por volta de 1842, quando
ascenderam ao poder os conservadores, Alexandre Mourão, protegido agora pelos
correligionários dominantes, é absolvido pelo júri dos processos que fora
indiciado.
A Freguesia de São Gonçalo
da Serra dos Cocos, com a enorme extensão de quarenta léguas, e a Vila Nova do
Ipu, estavam sob o domínio político conservador, exercido naquele trecho dos
sertões de modo absoluto.
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