Padre Francisco Correia de Carvalho e Silva. Fonte: http://professorfranciscomello.blogspot.com.br/2010/06/biografia-pe-correa.html |
O Rompimento entre Melo e Mourões
Segundo Nertan Macedo, Melo
e Mourões filiaram-se ao Partido Conservador, desde a sua fundação, e viveram
em paz, unidos pelos elos da fraternidade. Enquanto os conservadores estiveram
no poder, Melo e Mourões mandaram em toda a região da
Serra dos Cocos.
No entanto, em meados do
século XIX ocorreria uma transformação geral no panorama do Império e que se
fez sentir mais intensamente no interior do país, onde o partido decaído sofreu
grandes brechas com as mudanças para o campo liberal.
No Ipu, o vigário Correia,
que pertencera antes, em sucessivas adesões, aos Partidos Conservador e
Equilibrista, foi dos que logo aderiram aos liberais dominantes, e arrastou, na
sua adesão, a família Melo, representada pelo coronel de Legião, Francisco
Paulino Galvão, Manoel Ribeiro Melo, seus irmãos e parentes.
Os Mourões – com os quais já
não se entendia bem o padre Correia, fiéis à tradição política, permaneceram
intransigentes no Partido Conservador, tendo agora, como adversários,
assessorados pelo suspeito vigário, os seus primos-co-irmãos do grupo melo.
A rixa entre o padre Correia
e os Mourões só aumentava. Jurado de morte, o vigário, sob o pretexto de que o
templo da matriz ameaçava ruir, se mudou para o Ipu e transformou a pequena
capela, de taipa, no quadro da Igrejinha, em sede, de fato, de toda a Freguesia da
Serra dos Cocos.
A
vinda do Padre Correia para a então Vila Nova do Ipu Grande estava ligada, de
um lado, às questões políticas e as rixas com os Mourões. Ora, na sede da vila
estaria o vigário, de certa forma, protegido. De outro lado, a mudança do pároco estava ligada, também, a possibilidade de assumir postos de mando e
galgar novos degraus no cenário político, já que era o Ipu, agora, a sede da
Vila e centro do poder local. Questões de ordem religiosa parecem não ter,
naquele momento, pesado na decisão do vigário.
Com
a vinda do padre, embora juridicamente a matriz da freguesia fosse a de São
Gonçalo, de fato, o Ipu ganhava foros de sede religiosa da freguesia. A capela
de São Sebastião funcionava, portanto, ainda que provisoriamente, como matriz,
embora não fosse assim reconhecida. A um só tempo, o Padre atraia para o Ipu a
matriz da freguesia e a ira dos Mourões, que vinham aterrorizando os sertões do Ceará e do Piauí, sobretudo a região da Ibiapaba.
A
partir de então, o que se assiste é uma luta entre, de um lado, o padre e seus
aliados, os Melo, e de outro, os Mourões.
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