A
MAIOR EPIDEMIA JÁ REGISTRADA
A Peste Negra foi a maior
epidemia já registrada e que assolou a humanidade. Ao que parece, um surto de
peste bubônica, transmitida por ratos infectados. Acredita-se que tenha sido
trazida do Oriente por um navio veneziano que fazia o comércio entre o Oriente e a Europa, e dali tenha se propagado rapidamente. De 1347 a
1350, um terço da população europeia desapareceu vitimada pela epidemia.
Impotentes diante da desconhecida doença, os médicos da Faculdade de Medicina
de Paris emitiu parecer defendo que a causa teria sido “alguma
constelação celeste a qual... causa real da corrupção mortífera do ar que nos
rodeia, pressagia a mortalidade e a fome...”.
Durante
todo o resto do século XIV e ao menos até o começo do século XVI, a peste
reapareceu quase a cada ano em um lugar ou outro da Europa ocidental. Neste
período foi virulenta e endêmica. Apareceu em intervalos próximos a 10 anos. Devastou
a população, sobretudo das cidades, mas nem por isso os campos foram poupados.
Até
o final do século XIX ignoraram-se as causas da peste que a ciência de outrora
atribuía à poluição do ar, ela própria ocasionada seja por funestas conjunções
astrais, seja por emanações pútridas vindas do solo ou do subsolo. Acreditando
nisso, era preciso borrifar com vinagres cartas e moedas, acender fogueiras
purificadoras nas encruzilhadas de uma cidade contaminada, desinfetar
indivíduos, roupas velhas e casas por meio de perfumes violentos e de enxofre, só
sair à rua com uma máscara em forma de cabeça de pássaro cujo bico era
enchido com substâncias odoríferas.
Por outro lado, as crônicas
antigas e a iconografia quase não mencionam como sinal precursor de uma
epidemia a mortalidade em massa dos ratos. O papel da pulga era igualmente
ignorado. Em compensação, todos os relatos de outrora descrevem o perigo de
contágio inter-humano. Em inúmeras epidemias de peste bubônica, parece que o
fator multiplicador, o principal agente de transmissão teria sido, não o
parasita murídeo, mas a pulga do homem passando de um hospedeiro agonizante
para um hospedeiro são.
Três
explicações apareceram para dar conta da peste: uma elaborada pelos eruditos, a
outra pela multidão anônima e uma terceira atribuía a epidemia a uma corrupção
do ar, como vimos, ela própria provocada seja por fenômenos celestes (aparição
de cometas, conjunção de planetas etc.), seja por diferentes emanações
pútridas, ou então por ambos. A segunda era uma acusação: semeadores de
contágio espalhavam voluntariamente a doença. Era preciso procurá-los e
puni-los. A terceira assegurava que Deus, irritado com os pecadores de uma
população inteira, decidira vingar-se, portanto, convinha apaziguá-lo fazendo
penitência.
A outra explicação “natural”
fazia derivar a peste de exalações malignas emanadas de cadáveres não
enterrados, de depósitos de lixo, até das profundezas do solo. Todo um aspecto
de profilaxia posto em obra pelas autoridades estava fundado na dupla teoria do
ar viciado por cima e por baixo: fogos e perfumes, máscaras protetoras,
isolamento dos doentes e das casas contaminadas; limpeza das ruas, afastamento
apressado dos cadáveres, morte dos animais considerados suspeitos etc. Essas
medidas, entre as quais algumas eram medicamentos úteis, constituíam além disso
uma arma psicológica contra o mal.
Continua...
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