quarta-feira, 18 de março de 2020

A PANDEMIA DO VÍRUS E A EPIDEMIA DA PESTE BUBÔNICA PARTE II



A MAIOR EPIDEMIA JÁ REGISTRADA
A Peste Negra foi a maior epidemia já registrada e que assolou a humanidade. Ao que parece, um surto de peste bubônica, transmitida por ratos infectados. Acredita-se que tenha sido trazida do Oriente por um navio veneziano que fazia o comércio entre o Oriente e a Europa, e dali tenha se propagado rapidamente. De 1347 a 1350, um terço da população europeia desapareceu vitimada pela epidemia. Impotentes diante da desconhecida doença, os médicos da Faculdade de Medicina de Paris emitiu parecer defendo que a causa teria sido “alguma constelação celeste a qual... causa real da corrupção mortífera do ar que nos rodeia, pressagia a mortalidade e a fome...”.
            Durante todo o resto do século XIV e ao menos até o começo do século XVI, a peste reapareceu quase a cada ano em um lugar ou outro da Europa ocidental. Neste período foi virulenta e endêmica. Apareceu em intervalos próximos a 10 anos. Devastou a população, sobretudo das cidades, mas nem por isso os campos foram poupados.
            Até o final do século XIX ignoraram-se as causas da peste que a ciência de outrora atribuía à poluição do ar, ela própria ocasionada seja por funestas conjunções astrais, seja por emanações pútridas vindas do solo ou do subsolo. Acreditando nisso, era preciso borrifar com vinagres cartas e moedas, acender fogueiras purificadoras nas encruzilhadas de uma cidade contaminada, desinfetar indivíduos, roupas velhas e casas por meio de perfumes violentos e de enxofre, só sair à rua com uma máscara em forma de cabeça de pássaro cujo bico era enchido com substâncias odoríferas.
Por outro lado, as crônicas antigas e a iconografia quase não mencionam como sinal precursor de uma epidemia a mortalidade em massa dos ratos. O papel da pulga era igualmente ignorado. Em compensação, todos os relatos de outrora descrevem o perigo de contágio inter-humano. Em inúmeras epidemias de peste bubônica, parece que o fator multiplicador, o principal agente de transmissão teria sido, não o parasita murídeo, mas a pulga do homem passando de um hospedeiro agonizante para um hospedeiro são.
            Três explicações apareceram para dar conta da peste: uma elaborada pelos eruditos, a outra pela multidão anônima e uma terceira atribuía a epidemia a uma corrupção do ar, como vimos, ela própria provocada seja por fenômenos celestes (aparição de cometas, conjunção de planetas etc.), seja por diferentes emanações pútridas, ou então por ambos. A segunda era uma acusação: semeadores de contágio espalhavam voluntariamente a doença. Era preciso procurá-los e puni-los. A terceira assegurava que Deus, irritado com os pecadores de uma população inteira, decidira vingar-se, portanto, convinha apaziguá-lo fazendo penitência.
A outra explicação “natural” fazia derivar a peste de exalações malignas emanadas de cadáveres não enterrados, de depósitos de lixo, até das profundezas do solo. Todo um aspecto de profilaxia posto em obra pelas autoridades estava fundado na dupla teoria do ar viciado por cima e por baixo: fogos e perfumes, máscaras protetoras, isolamento dos doentes e das casas contaminadas; limpeza das ruas, afastamento apressado dos cadáveres, morte dos animais considerados suspeitos etc. Essas medidas, entre as quais algumas eram medicamentos úteis, constituíam além disso uma arma psicológica contra o mal.

Continua...


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