Integrantes da Coluna Prestes. Fonte: http://coisadecearense.blogspot.com.br |
Ao amanhecer do dia 13 de janeiro de 1926 cerca de 100 homens, maltrapilhos, com
cara de poucos amigos, porém, fortemente armados, entraram em Ipu, descendo a
ladeira da Mina, vindos do Piauí. Essa centena de combatentes compunha o 2º
destacamento da Coluna Prestes, comandada pelo tenente-coronel João Alberto. O
que eles queriam e o que aconteceu naqueles anos 20 na então pacata Ipu? Bom, o
que pretendo contar em seis capítulos é apenas uma interpretação dos fatos ocorridos
naqueles tempos longínquos, baseada, no entanto, em relatos e fontes históricas.
Se você quiser ler, leia, portanto. Se não quiser, não leia “ora mais...”
Na madrugada
do dia 13 de janeiro de 1926, a cidade de Ipu “dormia” o seu sono tranquilo. Às
5 horas da manhã, 100 homens montados e armados, vindos do Piauí, entravam na
cidade de Ipu, descendo a ladeira da Mina. A Terra de Iracema acordava ao som
de uma corneta, tocada por uma daquelas cem almas com “caras de poucos amigos”.
À frente dele uma multidão de “revoltosos” emparelhados como que marchando em
sintonia. Muitos traziam rifles apoiados em seus ombros parecendo estar “descansando”
os braços do peso das armas. Os homens com rifles carregam também bandeiras
encarnadas e traziam em seus pescoços lenços da mesma cor, que usavam, às vezes, para
esconder os rostos.
Muitos
na cidade já estavam de pé após uma noite bem dormida, outros acordaram ao som
da corneta e ainda um terceiro grupo, a dos beberrões, nem tinha dormido. Todos
se admiraram com aquela cena. Uns ficaram com medo, mas outros se mostravam
abismados, admirados do que viam.
O
bando desceu rumo ao centro por uma ladeira muito íngreme, seguiu por uma rua muito
estreita, com poucas casas, atravessou uma ponte construída sobre o Riacho
Ipuçaba, no hoje "Beco da Beínha" (ou Rua Manoel Vitor) e penetrou no coração da
Cidade, na Praça de São Sebastião. Logo, aqueles homens armados se
sobressaltaram ao avistar no alto da Igrejinha de nossa Senhora do Desterro,
hasteada, uma bandeira vermelha. Todos se prepararam para o combate procurando
ao redor, barricadas naturais, para se protegerem. Armados para o combate
esperam o ataque inimigo, mas ele não vinha.
É
preciso que se faça uma pausa na narrativa. Afinal, quem eram aqueles homens? O
que queriam eles na Cidade de Ipu?
Aquelas
cem almas compunham o 2º destacamento da Coluna Prestes, comandada pelo
tenente-coronel João Alberto. Vinham do Piauí e seu destino inicial era a
cidade de Ipu. Nesta cidade buscavam especificamente obter mapas geográficos
detalhados dos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba. No
Piauí, souberam da notícia de que eles existiam e se encontravam no acervo do
Gabinete de Leitura Ipuense, uma espécie de biblioteca com imenso patrimônio em
livros, revistas, jornais e mapas.
Mas,
por que tais mapas eram tão importantes para a Coluna Prestes? E o que essa Coluna?
Continua...
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