Augusto Passos. Uma das vítimas à perseguição ao Grupo dos Martins. Fonte: Revista dos Municípios, 1929. Do acervo de Francisco de Assis Martins (prof. Melo) |
Espinheiro e seus soldados correram o sertão à caça de João Martins e,
por onde passavam, deixavam um rastro de espancamentos e sangue.
Naqueles sombrios dias todos aqueles que fossem parentes dos Martins e
mesmo seus amigos mais próximos, passaram a ser perseguidos, alguns foram presos
e outros vítimas de violências.
Em fevereiro de 1915, Espinheiro mandou 12 soldados ao termo de Ipueiras,
para buscar presos José Cesário Martins, com sobrinhos e genros de João
Martins. Como estes declaram não saber do paradeiro do destemido procurado, foram
espancados barbaramente, deixados como mortos no pátio da Fazenda Jaçanã.
No dia 8 de fevereiro o alfaiate Antônio Mororó foi espancado, por ser
sobrinho de João Martins. O Major Joaquim Porfírio de Farias, ancião
respeitado, passou 8 dias presos na cadeia da cidade, pelo fato de ter
“cometido um crime”: ser parente e amigo de João Martins, e ai daquele que tivesse
a audácia de impetrar um habeas Corpus
em seu favor! O capitão José de Farias, membro do diretório do Partido
Democrata, agora reduto dos rabelistas e dos Martins, fugiu da cidade para
salvar sua pele e, por mais de um mês, viveu escondido no mato. Cel. José
Lourenço, não esperou os golpes do punhal de Espinheiro, abandonou seus negócios
e amigos e com a família se escondeu nos sertões de Crateús. Augusto Passos,
advogado e Promotor Público, destituído do cargo, e ligado aos Martins, passou
um dia no mato, enquanto os soldados vasculhavam sua residência. Depois se
mandou para o Piauí, onde ficou cerca de dois meses, para não conhecer a fúria
de Espinheiro. Ainda, Osório Martins, que em 1914 conhecera o fio da navalha
dos “afilhados do Padre Cícero”, rumou para uma “temporada de caça” no Piauí,
onde passou algum tempo. Como a estiagem se prolongava, conseguiu matar alguns
calangos, antes de retornar!
Em Ipueiras a casa do Cel. Vicente Possidônio serviu de abrigo ao acolher
muitos rabelistas de Ipu.
Os Martins, grupo político que até então (1914) controlara o poder local
não só foram brutalmente banidos de seus cargos, pelo menos num curto período
de tempo, mas também duramente perseguidos. Muitos só conseguiram se livrar das
prisões, espancamentos, humilhações e mesmo assassinatos, fugindo de seu torrão
natal.
É importante notar que o grupo político que assumiu o poder no município,
embora em alguns momentos mantivesse uma acirrada oposição aos Martins, não
pactuava com a violência dessas perseguições. Pelo contrário, procuram
inicialmente barrá-las e, em alguns casos, buscaram a conciliação entre as
partes. Porém, estiveram de mãos atadas. Nem o intendente (prefeito), nem o
Juiz de Direito da Comarca e, nenhuma autoridade municipal tinha poder para
deter as violências praticadas na Terra
de Iracema, com o aval do Presidente do Estado.
Os Aragão que assumiram o poder no município com todos os seus
“agregados”, compadres e afins, tentaram sem sucesso deter aquela onda de
perseguições na, até então “pacata” Ipu. O próprio intendente municipal à época
do Governo de Benjamin Barroso, o Cel. José Raimundo de Aragão Filho, tentou, sem
sucesso, impedir a caça ao Cel. João Martins da Jaçanã, com quem
possuía boas relações.
Os Aragão estiveram de mãos atadas, portanto. Esperaram tanto tempo para
sentir o doce gosto do poder, e, quando, enfim, conseguiram, o seu sabor
transformou-se em fel. Tinham o poder de direito, isto é, juridicamente, mas
não de fato. Tinham os cargos, mas não apitavam nada.
1915 pode ser tido como o ano em que o sangue dos Martins foi derramado
sobre a fina areia do sertão, acostumada ao rústico e amargo sangue de seus
inimigos. E a muralha, ao longe, foi testemunha deste episódio. Os coronéis de
Ipu sentiram na própria pele o remédio que receitavam aos seus inimigos. Que a
história não esqueça deles.
Adoro essa historia, gostaria de ler o livro, O coronel João Martins da
ResponderExcluirJaçanã, escrito por Francisco Magalhães Martins, porem não encontro em lugar nenhum, nem mesmo no google. Se for possível me ajudar agradeço desde já! Parabéns pelo blog!!
Tenho uma cópia do livro. Caso queira reproduzi-lo, basta passar aqui em casa... Você mora em Ipu?
ResponderExcluirAbraços,
Att. Prof. Vitorino.
Era o meu tetra avô
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