Principais Lideranças da Coluna Prestes. Fonte: http://ijuisuahistoriaesuagente.blogspot.com.br |
Esclarecido
sobre o quê foi a Coluna Prestes, voltemos à cidade de Ipu, às 5h15 do dia 13
de janeiro de 1926.
Reinava um silêncio nas imediações da Igrejinha, na praça
São Sebastião. Algumas portas do casario começavam a se abrir. Logo que o bando
tomou contato com a população, percebeu que a cidade não estava preparada para
atacá-los. O que os deixou apreensivos foi aquela bandeira vermelha hasteada no
alto da Igrejinha. Pensavam tratar-se de um sinal de que a cidade resistiria a
sua chegada, mas logo souberam que a localidade estava festejando o seu
padroeiro, São Sebastião, e que aquela bandeira não passava de um símbolo
tradicional dedicado ao santo.
Só
então o bando seguiu em direção ao Mercado Público. Neste, um daqueles que
compunham o grupo, talvez o seu líder, se dirigiu a uma bodega onde uns “cabras
bebiam” e perguntou a um deles onde ficava a Estação Ferroviária, no que
respondeu apontando o dedo em direção à atual rua Cel. Felix Martins.
Rumaram
então para a Estação Ferroviária, destino buscado na cidade. Apossaram-se do
telégrafo e enviaram avisos à Camocim, Sobral e Fortaleza, dizendo que forças
pomposas desceriam a Serra de Ibiapaba, atacariam Sobral e Camocim e rumariam
para Fortaleza. O pânico alastrou-se entre as populações destas localidades.
Em
seguida, o destacamento se apossou da locomotiva estacionada no local, derrubou
postes e arrancou trilhos, cortando assim, a comunicação com outras localidades
com o objetivo de impedir a vinda de forças legalistas pela via férrea.
Ali,
ao lado da Estação, o bando acampou. A Estação passou a ser o quartel general
do 2º destacamento da Coluna Prestes. Os homens precisavam descansar, pois
haviam percorrido um longo percurso desde Teresina, no Piauí. Seguiram em sua
marcha passando pela cidade de Alto Longá, no dia 6 de janeiro, Campo Maior a
7, Pedro II a 10, e daí partiram para a cidade de Ipu.
João
Alberto encontrou entre os papeis telegráficos da Estação uma mensagem enviada
pelo deputado Manuel Sátiro, destinada ao coletor federal de Ipu, João Bessa
Guimarães. Pedia, na mensagem, que João Bessa, com a ajuda do destacamento
policial local e de grupos civis armados, impedisse a entrada dos
revolucionários na cidade. Diante disso, João Aberto solicitou a presença de
João Bessa e que este se explicasse no que teria respondido que o povo de Ipu é
pacato, não tinha costume de lutar com armas e que a prova estava na gentileza
com que a Coluna foi recebida, principalmente por seu comandante tratar-se do
irmão do saudoso e amigo do Dr. Apolônio de Perga Bandeira de Barros, juiz de
direito da Comarca no período de 1920-1922.
As
palavras de João Bessa sensibilizaram o Tenente-Coronel e as relações entre os
munícipes e as forças da Coluna a partir dali, transcorreram num clima de
cordialidade.
João
Alberto fez questão de seguir até o cemitério, acompanhado de João Bessa, para
visitar o túmulo do irmão.Em seguida, solicitou às autoridades fundos para a
Coluna, uma vez que dependia de fontes de abastecimento para manter-se e fez questão
de esclarecer que a tranquilidade da localidade não seria quebrada. O Cel. José
Aragão, presidente do Banco do Brasil, foi solicitado a declarar o saldo da
instituição. Logo lhe foi
requisitado a quantia de 16.000$000 (dezesseis Contos de réis) dos quais
forneceu recibo. Joaquim Lima, grande comerciante local e presidente da Associação Comercial de Ipu,
“contribuiu” com a quantia de 6.000$000. Outras pessoas contribuíram com
quantias que, no final, somaram (todas) a bagatela de 25 contos de réis.
João
Alberto solicitou que Joaquim Lima abrisse as portas de seu estabelecimento
comercial para proceder a vendas ao destacamento, no que foi atendido. Foram
gastos 5 contos de réis, devidamente pagos. Entre as aquisições estavam 3 mil
balas de Winchester, conhecido no
Ceará como rifle ou papo-amarelo.
Muitas
residências de Ipu acolheram os revoltosos, dando-lhe guarita e comida.
No
Nordeste, o objetivo da Coluna era chegar a Pernambuco. Passariam pelo Ceará,
onde Manuel do Nascimento Fernandes Távora, irmão de Juarez Távora, preparava
um levante na capital. Os planos foram por água abaixo ante a repressão
empreendida por Artur Bernardes. Em Fortaleza, o jornal oposicionista A Tribuna, de Fernando Távora, que fazia
propaganda da Coluna e atacava o governo, foi fechado e seu dono rumou para o
exílio na Europa. No Piauí a repressão aos revoltosos foi intensa.
João
Alberto, com cem homens partia para o Ipu, com o objetivo de se apossar dos
referidos mapas e realizar um “falso ataque” contra a cidade. Deveria, ao se
apossar do telégrafo, enviar falsos telegramas dando conta de que a Coluna
Prestes, com intensa mobilização de homens, atacaria Sobral, Camocim e
Fortaleza. O Objetivo era desviar a atenção das forças legalistas e amedrontar
a população destes locais. E assim se fez.
Continua...
Excelente!
ResponderExcluirexcelente matéria meu jovem doutor.
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