Negro e Negra. Pintura de Rugendas |
O mundo dos escravos em Ipu
A ocupação do Ceará foi diferente daquela ocorrida em outras áreas do Nordeste
açucareiro. Traduziu-se em um processo mais lento e coube à pecuária bovina
abrir fronteiras e consolidar a sua ocupação. A criação do gado possibilitou a
configuração de uma sociedade diferenciada quando comparada ao litoral
açucareiro, exigindo pouca mão de obra. Todavia, a introdução do braço escravo
não deixou de ocorrer e ser significativa. Assim como no Ceará, de um modo
geral, ela se fez presente em todos os ramos de trabalho, tanto no
espaço rural quanto urbano. Os negros estavam presentes na pecuária, nas
atividades agrícolas, em serviços especializados (pedreiros, barbeiros etc),
nos serviços domésticos, como escravos de aluguel ou de ganho.
As áreas onde predominava um maior número de escravos eram aquelas em que
as atividades principais se concentrava na pecuária e/ou na agricultura. Tais
áreas possuíam um montante de mais de 500 escravos. A cidade de Ipu entre
1857/1858, 1872, 1873 e 1881 - períodos em que conhecemos as estatísticas -,
possuía mais de 600 escravos, chegando a ter em 1873 e 1881, respectivamente, 835
e 934 cativos.
É interessante mostrar que o número
de escravo em Ipu aumentou em um momento em que na maioria das províncias
cearenses o seu número diminuía. Uma das explicações para esse fenômeno diz
respeito ao fato da Vila Nova do Ipu
Grande estar em pleno crescimento econômico.
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