Negros de ganho, negras de tabuleiro e amas de leite: as múltiplas facetas do trabalho escravo no Brasil (séculos XVI – XIX). Fonte: http://www.brasilescola.com/historiab/formas-trabalho-escravo-no-brasil.htm
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Analisando
alguns dados que dispomos para a cidade de Ipu foi possível produzir uma análise
sobre as ocupações dos escravos. Os dados dos cativos matriculados até 30 de
junho de 1881 mostram que no meio rural existiam 450 cativos, dentre eles 300
homens e 150 mulheres, e que no meio urbano havia apenas 276, sendo 101 homens
e 175 mulheres, 208 escravos não declararam a ocupação, dos quais 83 homens e 125
mulheres.
Pelos
números acima percebemos que existiam mais escravos no meio rural do que no
meio urbano, o que evidencia uma maior importância das atividades econômicas
ligadas à pecuária e as atividades agrícolas. Mas, em Ipu é significativo o
número crescente de escravos ligados às atividades do meio urbano.
Na
maioria das províncias cearenses a quantidade de escravos do sexo masculino é
bem maior do que do sexo feminino, sendo raro casos em que os cativos do sexo
feminino suplantam aqueles do sexo masculino. Em Ipu há, pelo menos para o ano
de 1881, um equilíbrio entre os sexos, com 484 cativos homens e 450 cativos do
sexo feminino, outro fato que pode explicar o crescimento do número de escravos
na Vila de Ipu, uma vez que certamente o crescimento vegetativo fora
significativo.
Para
Ipu a documentação mostrou que em 1881, 208 escravos são arrolados sem ter
declarado a profissão, aparecendo na aludida documentação a palavra “qualquer”.
Neste universo existem muitos escravos, o que é bem provável, que desempenhavam
mais de uma profissão. As mulheres exerciam o ofício de costureiras, rendeiras,
fiandeiras e ainda prestavam serviços domésticos como cozinheiras, lavadeiras,
amas-de-leite, etc., e em épocas de colheita poderiam ir para a lavoura. Na
cidade, a mão de obra cativa ajudava na constituição da renda familiar dos seus
senhores, uma vez que era alugado e trabalhava como escravo de ganho e até, em
alguns casos, como prostitutas. No meio urbano encontrava-se uma mão de obra
mais especializada como pedreiros, marceneiros, alfaiates, sapateiros, etc.
No meio urbano existia uma
maior possibilidade do negro sociabilizar-se, ter mais liberdades de circulação
e a possibilidade de construir família, tanto maior se ele fosse um escravo de
ganho, exercendo, por exemplo, a atividade de vendedor ambulante, ficando como
uma parte das vendas.
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