A aura dos espaços
A
maioria das pessoas, quando visitam a maravilhosa cidade do Rio de Janeiro, logo
procura as suas praias, bares, restaurantes: elas buscam a multidão! Vão aos shoppings,
parques de diversões. À noite, procuram as boates, clubes e vão a shows. A cidade oferece tudo isso. Quando vou ao Rio de Janeiro, onde já morei
por mais de uma década, ao contrário, procuro algo mais do que isso.
Busco
os espaços onde posso sentir a alma do passado, a presença dos mortos, uma aura
superior. Quando visito esses locais, me transporto para um outro mundo, que
não existe mais, mas que pode ser sentido e quase tocado. É como se, de alguma forma, eu já tivesse vivido ali num passado longínquo. Esse ato, de viver um
outro mundo, é tão fenomenal, que perco a noção do mundo à minha volta, desse mundo tão real quanto cruel. Quando me afasto da realidade sinto que me
completo, sinto que sou feliz. Essa felicidade quase nunca encontro entre os vivos, na
multidão, na claridade, na agitação, no frenesi, nos espaços modernos.
O
que mais me agrada, é a solidão e a tristeza destes locais. Eles me transmitem
uma sensação de plenitude e uma aura superior, algo espiritual tão forte que se
torna, para mim, quase palpável. Esses espaços estão carregados e me transmitem
uma melancolia parecida com aquela que nos fala Orhar Pamuk sobre a cidade de Istambul em seu romance Istambul: memória e cidade.
As
ruínas do passado, o silêncio dos amplos espaços, a beleza da arquitetura, das
formas, as cores desbotadas, a prevalência do preto e branco são, para os meus
olhos, inspiração, me fazem sentir o prazer de estar no mundo.
Creio,
é por isso, que amo tanto o passado...
Museu Nacional de Belas Artes
Escola Nacional de Belas Artes. Atual Museu Nacional de Belas Artes. Foto do Início do Século XX. Fonte: Domínio Público. |
Prédio sede do atual Museu Nacional de Belas Artes construído com a abertura da
Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, na grande reforma urbanística
iniciada na gestão do prefeito Pereira Passos e do presidente Rodrigues Alves.
Para lá foi transferida a sede da Academia Imperial de Belas Artes, rebatizada
para Escola Nacional de Belas Artes. O autor do projeto de construção do prédio foi Adolfo Morales de
Los Rios, que tomou como modelo o Museu de Louvre em Paris. No entanto, o
desenho seria alterado durante a construção do prédio e acrescentadas algumas
modificações feitas pelo Ipuense Archimedes Memória. A obra foi finalizada em
1908.
Acervo pessoal |
Interior do Museu. Acervo pessoal Em 1931 a Escola Nacional foi incorporada à Universidade do Rio de Janeiro. Em 1937 foi criado o Museu Nacional de Belas Artes e o prédio transformado em sua sede. |
O museu reúne um acervo de pinturas impressionantes. Vale a pena
visitar...
Belas descrições. Apesar de seguir outro rumo na educação, confesso que a História me fascina. No entanto caro amigo, convenhamos o que há de se louvar é que pelo menos tais pessoas não tenham que ir ao Rio (ao Sul) apenas para deixar suor e sangue, como aconteceu com muitos (inclusive você, como relatou). Se as pessoas citadas no início do texto tivessem o privilégio de conhecer o lugar que descreveu talvez tivessem a mesma alegria.
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