Interpelado
por uma repórter sobre o novo recorde de mortes registrado em 24 horas (474
vítimas) por covid-19, levando o Brasil a ultrapassar a China em números totais, hoje, dia 28 de abril, o presidente da República
respondeu: “E
daí? Lamento, quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”.
A resposta seca do
presidente da República do Brasil para um dos piores dramas de saúde pública que
o país vive atualmente, embora chocante, não deve ter surpreendido ninguém.
Afinal, desde o início da pandemia, aqui, atacou o isolamento social - atualmente
a medida mais segura contra a nova infecção -, a Organização Mundial da Saúde,
a ciência e derrubou seu próprio ministro da saúde por ir na contramão do chefe
da nação e seguir o protocolo adotado no mundo para combater a doença. Mais do
que isso, participou de manifestações e não manteve o distanciamento social,
enfim, fez exatamente o contrário de todas as recomendações, agindo de forma
irresponsável.
Por ser o maior chefe da
nação, estar à frente dos rumos do país, ser líder, sua atitude acaba sendo
seguida não apenas por aqueles que concordam com o seu comportamento, mas também por
muitas pessoas que encaram o problema com desdém, gerando riscos para si e para
a sociedade.
O sistema de saúde da
maior e mais rica cidade da América Latina, São Paulo, já entrou em colapso,
seguida pelo Rio de janeiro, Manaus e Fortaleza. Muitas pessoas, nestes locais,
já estão morrendo com síndrome respiratória aguda grave, com suspeita de
covid-19, sem atendimento porque não há mais UTIs disponíveis. Ao que tudo
indica, pelo menos é essa a análise dos especialistas, ainda não atingimos o
topo da curva de contágio, estamos ainda no início, o que significa que o
Sistema de Saúde Pública do país, e não apenas o SUS, não tardará a colapsar. Se
isso acontecer, estaremos diante da maior catástrofe que o país já terá vivido
em toda a sua história.
Diante desse cenário,
surgem acusações de todos os lados de que o Governo Federal e o Ministério da
Saúde não apenas têm se mantido negligentes com a situação drástica, mas também,
em muitos casos, têm dificultado as ações dos governadores e outras autoridades
no combate ao problema. Não preciso enumerá-las aqui, se você que lê estas
linhas tem aí, dentro de seu crânio, um massa encefálica-cinzenta-pensante.
O desdém do presidente e
sua trupe com a situação leva algumas amebas acéfalas a achar ainda que tudo
não passa de uma maquinação bolchevista de dominação do planeta, e que o que
estamos vendo na imprensa não passa de mentiras plantadas, criadas. Isso é tão
absurdo, que nem deveria ter sido mencionado.
O pós-covid-19 pode ser
implacável com aqueles que hoje, como o presidente, negligenciam a ajuda necessária
e devida às cidades agonizantes, deixando com que parte de nossa população
morra agonizante na entrada dos hospitais, aguardando atendimento. A impressão
que tenho é de que a humanidade e a dignidade já deixaram aquele corpo faz
muito tempo.
Os negligentes podem ser
acusados, responsabilizados e condenados em um futuro não muito distante como
verdadeiros genocidas e entrar para a galeria dos sanguinários da humanidade!
Ou pelo menos a história pode ser implacável com eles, apenas fazendo aquilo que
é o ofício do historiador: escrever a história com base nas fontes e vestígios
deixados pela humanidade.
A uma nação abandonada,
só resta a sua população rezar!
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