sábado, 9 de maio de 2020

Estarrecedor! Assustador! A barbárie





Na minha curta existência, até aqui, nunca tinha me deparado com um momento tão dramático vivido pelo país, como o atualmente. Por isso, semanalmente, tenho parado um pouco minhas atividades na docência, na leitura e na escrita para fazer uma análise dos fatos recentes. Tenho feito isso por duas razões. A primeira parece óbvia: o que vem acontecendo é tão absurdo e surreal que não escrever sobre isso é quase impossível. Os fatos chocantes, penso, nos incitam a pensar sobre eles.
Em segundo lugar, sinto necessidade de escrever para documentar, para registar os absurdos, a barbárie que vivemos. Neste último caso, não o faço como historiador, que sou, por muitas razões, mas como expectador, como alguém imerso em seu próprio tempo, que vive e sofre as consequências das mudanças, dos atos e das palavras das pessoas.
Por outro lado, só disponibilizo, aqui neste espaço, apenas uma parte daquilo que registro. E quando escrevo, faço isso, em primeiro lugar, para mim mesmo e não para quem possivelmente possa ler aquilo que rabisco. Não me importa muito se terei poucos ou muitos leitores. O simples fato de escrever, para registar o assustador, tem valor em si mesmo.

Estarrecedor

Creio que boa parte das pessoas desapaixonadas do partidarismo, que possui um pouco de bom senso e um cérebro, ainda que do tamanho de uma pitomba, já percebeu que no momento em que o país mais precisa de um líder, está, não obstante, à deriva. No mesmo dia em que o Brasil batia o recorde de infectados, mais de 100 mil casos, com mais de 600 vítimas fatais nas últimas 24 horas, contabilizando, desde o início, quase 10 mil mortos, por Covid-19, o presidente não apenas mantém o discurso de flexibilizar o isolamento social, como pressiona, num lance chocante, a sociedade e o Supremo Tribunal Federal a somar força com ele.
Para piorar, declarou, inicialmente com absoluta seriedade, depois, em tom sarcástico, que faria um churrasco no final de semana e convidaria, inicialmente, 30 pessoas. Ainda que fosse apenas uma piada, demonstra total insensibilidade às famílias atingidas, descaso com o problema de saúde pública, e dá mostras de que não é digno do cargo que ocupa.    

Assustador

Igualmente já deve ter ficado bastante claro, para todos nós, que o governo federal não tem adotado nenhum plano mais arrojado de combate ao avanço da Covid-19. Não creio que o Ministério da Saúde possa fazer muito, para isso seriam necessários recursos e apoio. A troca recente no Ministério da Saúde, creio, visava a barrar gastos além do orçamente estipulado para a pasta e tentava frear, igualmente, as medidas de austeridade no combate ao avanço do Coronavírus. Atitudes que se ajustam com o que tem demonstrado diariamente o presidente da República.
No Rio de Janeiro, a segunda cidade mais importante do país, os hospitais federais, com ampla capacidade de atendimento, não estão atuando para atender os doentes porque, segundo a imprensa, faltam pessoal e equipamentos (não há recursos). O Sistema de Saúde já não suporta a quantidade de doentes graves.  O governo de Manaus, onde a saúde colapsou, disse ter pedido ajuda internacional, dada a negligência do Governo Federal. O Sistema de Saúde das cidades mais importantes do país começa a colapsar, e o Coronavírus assustadoramente avança pelo interior. O Ministério da Saúde parece assistir de camarote o cortejo fúnebre.
Mais do que isso, a inoperância ou a negligência do Governo Federal anuncia uma tragédia de proporções gigantescas. Tende a se tornar a pior tragédia já vivida pelo país em toda a sua história. A irresponsabilidade do governo, tendo à frente Jair Messias Bolsonaro, tem contribuído para “matar” (por negligência), em apenas um dia, o que os torturadores da ditadura levaram décadas para fazer. Estudiosos apontam que o Brasil poderá contabilizar milhões de mortos e caminha para se transformar no novo epicentro da doença.

A Barbárie

O que esperar do Governo Federal? O que esperar do Ministério da Saúde? O que pode ser feito?
Pelas demonstrações do presidente, os recursos para a saúde parecem ser os mesmos de quase sempre, insuficientes mesmo para manter o Sistema Único de Saúde funcionando em tempos normais. Se o presidente da República se irrita com as medidas de isolamento, com os dados do avanço da Covid-19, se a cada vez que fala em público ataca o isolamento social, por que iria combater o avanço do Coronavírus? Se ele só fala em economia, por que iria destinar mais recursos para a Saúde Pública? Se o Ministério da Saúde tem um plano de combate à doença, por que não o apresenta?
Espero que as estimativas dos especialistas, que dificilmente erram, estejam equivocadas. Caso contrário, no futuro, muita gente será responsabilidade pelos mortos que terão causado.



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