domingo, 10 de maio de 2020

O LIVRO NEGRO (PARTE I)




Conheci Orhan Pamuk em 2010, quando li seu romance “O livro negro”. A leitura dessa obra me causou uma profunda impressão. Lembro-me que fiquei extasiado, quase em choque, com exagero, é claro, tal foi a impressão que me causou. Mais tarde, creio que em 2013, reli-o e escrevi uma resenha sobre esta instigante obra. Apresento abaixo, aos meus ínfimos leitores, um grande resumo do artigo que produzi. Para os amantes da boa leitura, nesse mundo carregado de futilidades, frivolidades, sugiro que não morram sem antes lê-lo.
 Hoje, Orhan Pamuk é um dos meus autores contemporâneos preferidos. Principal romancista turco, reconhecido mundialmente, foi premiado, em 2006, com o prêmio Nobel de literatura. Autor de vários romances, dentre eles “O Livro negro”, tem um estilo de escrita que muito me agrada, com suas longas descrições de locais e sensações, da velha Istambul, que me lembram o estilo de Marcel Proust na sua obra monumental “Em busca do tempo perdido”. 


O livro negro

O Livro negro é um romance do escritor turco Orhan Pamuk. A trama gira em torno da busca do jovem personagem Galip, um advogado casado com sua prima, para encontrar a sua esposa: Rüya, que desaparece de casa sem motivo deixando apenas um ambíguo bilhete de despedida. Todo o romance se desenrola com a busca desesperada de Galip, transitando pelas ruas e espaços da cidade de Istambul, para descobrir o paradeiro da esposa.
Ao longo do romance, a busca de Galip é dividida com às crônicas diárias de um famoso jornalista, Celâl Salik, meio-irmão de Rüya, publicadas diariamente pelo jornal Milliyet. O cronista que vive se escondendo, para evitar ser localizado, escreve sobre temas os mais vaiados, que vão desde aqueles que falam da política, Gângsteres, memórias pessoais, poetas, religião e o hurufismo, uma seita antiga que acreditava ser possível encontrar a essência de nossas vidas em letras escritas por Alá em nossos rostos, passíveis de serem decifradas.
A trama deixa implícita que Rüya estaria com seu meio-irmão e que nas crônicas escritas por Celâl apareciam pistas e indícios que permitiriam a Galip descobrir onde eles estavam escondidos. Após descobrir o apartamento onde supostamente o cronista se escondia, se instala ali e passa obsessivamente a ler suas crônicas e anotações. As pistas que acredita encontrar nestes escritos o levam aos mais distantes e instigantes recantos da velha Istambul, talvez o personagem principal, não declarado do romance.
Pelas ruas da capital da Turquia, se depara com um mundo aparentemente cheio de enigmas, armadilhas, surpresas e locais que se parecem muito mais saídos das Mil e uma noites, frutos da imaginação do autor, do que reais. Esses enigmas se encaixam na narrativa, levando de uma história a outra, num crescendo e em um vai e vem instigante.
Em algum momento do romance, o infeliz advogado Galip, sem conseguir solucionar o enigma, chega à conclusão de que para encontrar sua esposa, precisa compreender como Celâl pensa. Conforme o romance flui, assim como as leituras das cônicas de Celâl por Galip, este cada vez mais vai se tornando parecido com o cronista a ponto de acreditar ter se transformado em outra pessoa.
Em resumo, para descobrir o paradeiro da esposa e de seu meio-irmão compreende que teria de se transformar em outra pessoa. É assim que, aproveitando-se do fato de que o primo também desapareceu, ele passa a escrever suas crônicas usando os seus mesmos artifícios literários e o estilo. Desta forma, Galip assume a própria identidade de Celâl e vive um conflito entre ser ele mesmo ou tornar-se outra pessoa. Por outro lado, assumir a identidade de seu primo deixa-o vulnerável aos muitos inimigos do jornalista, capazes de cometer assassinato.

Continua...

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