terça-feira, 15 de agosto de 2023

Prof. Vitorino lançará o livro “Máscara Trágica”


 


O professor Vitorino e a Editora Metamorfose lançarão o livro “Máscara Trágica”. Trata-se de uma obra ficcional. Máscara trágica é uma espécie de tragédia moderna, cujo enredo se desenrola em duas semanas numa pequena, porém charmosa, cidade do “sertão” cearense, mas cujas lembranças do personagem central recuam e avançam no tempo unindo passado e presente.

O evento, em alusão aos 183 anos da cidade, está marcado para sábado, 19 de agosto, às 19 horas, na Escola Auton Aragão – Praça São Sebastião, 1029, Centro, Ipu-Ce.

Antonio Vitorino é historiador e filósofo, mestre (UECE) e doutor em História (UFPE), autor de três livros (História da Educação, O trem e a cidade e A fantasia de ser moderno). Organizou os volumes 1 e 2 da coleção “Nas trilhas do sertão”, tem inúmeros artigos publicados em livros e revistas. Atuou no ensino superior por quase vinte anos. Atualmente é professor da rede pública do Estado do Ceará (SEDUC) e do Instituto Kairós.

O livro tem por finalidade levantar e propor reflexões sobre a existência ou a condição humana, ou servir como uma espécie de guia de leitura das grandes obras “clássicas”. O enredo é tecido como quem entrelaça pacientemente os fios numa roca até compor a trama. O enredamento, isto é, o encadeamento das ações, está de tal forma emaranhado a ponto de os sentidos por trás dele nos causar comoções. Como uma rede, pacientemente urdida, nos prende, nos colhe num ardil ou armadilha de onde não é possível fugir.

O evento é aberto ao público.

 

Serviço:

Quando? 19/08, às 19h

Onde? Escola Auton Aragão – Praça São Sebastião, 1029, Centro, Ipu-Ce

 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Grupo Outra História lançará livro


 


Na noite de quinta-feira, 19 de janeiro, na Escola Auton Aragão, no centro de Ipu, o Grupo Outra História, comunidade de pesquisadores em história do Ipu, lançará o 7º volume da série Outra História, com o título “Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política do Ceará”.

Trata-se de uma coletânea de textos que abrange pesquisadores e historiadores de Sobral, Camocim, Crato, Ipu e outras cidades.

A obra é dividida em duas partes e doze capítulos. Entre os temas, destacam-se o golpe de 1964 no Ceará, o Campo de Concentração de Ipu, imagens da mulher no início do século XX em Ipu, partidos políticos e experiência democrática na Zona Norte cearense, dentre outros.  

O livro tem como organizadores, Francisco Dênis Melo e Edvanir Maia da Silveira, professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú, que também escrevem na obra.

O evento é aberto ao público. Na ocasião haverá a apresentação da obra, abertura à participação do público e noite de autógrafos. Aguardamos a sua presença.

Dados da obra

Título: “Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política do Ceará”. Vol. 7 (Série Outra História)

Organizadores: Francisco Dênis Melo e Edvanir Maia da Silveira

Editora: Edições UVA; SertãoCult

270 Páginas

Preço de lançamento: R$ 50,00

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Os irmãos Karamázov - Dostoiévski (Parte IV)


 


O velho Karamázov encarnaria a própria síntese do vício pessoal e social, ao negligenciar os três filhos tidos de duas esposas, que crescem num ambiente de inexistência do núcleo familiar que, segundo o autor, tornava-se cada vez mais típica da sociedade russa educada. Personagens como o velho Karamázov e Dmítri, seu primeiro filho, permitem a Dostoiévki discutir a ampla natureza russa, que oscila entre extremos morais e psicológicos. Dmítri, por exemplo, é perpassado por forças naturais que pode facilmente torná-lo escravo de seus instintos e de suas paixões.

Ivan, por sua vez, representa a suprema dramatização do conflito entre fé e razão, próprio cerne do livro. Todo o romance é, nas palavras do próprio autor, uma resposta a Ivan e sua fórmula de Deus não existir e nem a imortalidade e, por isso, tudo ser permitido.

Em cada uma das principais personagens há o confronto e uma crise que exigirá delas uma escolha entre uma e outra. Em todos esses momentos prevalecerá a fé de algum tipo, não especificamente moral e religiosa, como ocorrera com Aliocha, mas uma fé que encarna um aspecto da moral do amor e da autotranscedência do egoísmo.

Há, ainda, nos capítulos sobre o inquérito e do julgamento de Dmítri uma crítica premente ao sistema jurídico Russo, que havia passado por uma reforma no período. Dostoiévski demonstra como um motivo pessoal, como a vaidade do promotor, poderia impedir a promotoria de procurar a verdade de forma imparcial. O romancista russo criticava a adoção, pela justiça russa, de normas abstratas ocidentais, que consistiam, em boa parte, na reunião de provas materiais. A crença exclusiva nessas provas impedia a descoberta da verdade, que poderia ser revelada por uma percepção mais direta do caráter humano. Não se dá crédito às palavras de Dmítri, ao negar veementemente o assassinato do pai. Há aqui, também, uma réplica do conflito entre fé e razão. As provas materiais, racionais, reunidas pelos investigadores, eliminam qualquer necessidade de pensarem em atribuir peso à palavra do acusado, um homem honrado, apesar de ser lascivo.

 

 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Os irmãos Karamázov - Dostoiévski (Parte III)


Sentido do Romance



Os personagens e fatos criados, em Dostoiévski, são sempre coloridos pelo contexto ideológico particular em que estava imerso no cenário russo contemporâneo. Uma fonte de inspiração do autor é a vida real. Nesse caso, os jornais eram seus documentos favoritos.

Na visão dele, o povo russo possuía uma fé religiosa que não só o resgataria do desastre, mas também capacitá-lo-ia a liderar o caminho para uma nova era cristã da regeneração do gênero humano. O cristianismo herdado pelos camponeses – tinha convicção - estava impregnado neles. O povo russo, representado pelos camponeses, portanto, possuía todas as virtudes cristãs que a fé lhes ensinava.

Uma das qualidades do autor russo é sua capacidade de retratar personagens com um realismo social e psicológico sem paralelo na literatura e de encadear seus conflitos e dilemas numa investigação dos problemas da existência humana. Convencido de que o único cristianismo verdadeiro seria encontrado na ortodoxia russa, Dostoiévski busca provas que confirmem esse seu ponto de vista. Os seus personagens, sob influência de ideias avançadas, cometem crimes terríveis, como Raskólnikov de “Crime e castigo”, ou mergulhados nas piores profundezas da degradação, como Stavróguin de “Os demônios”. Mas, em determinado momento de suas vidas cheias de tormentos, encontram a visão de uma possível redenção por meio dos efeitos moralmente purificados do amor cristão. Nos dois casos citados, “Crime e Castigo” e “Os demônios”, o autor russo analisa a tragédia daqueles membros da intelectualidade que tinham se afastado de suas origens cristãs e, assim, de seu povo, o povo russo, o único capaz de redimir o mundo contra a decadência moral do Ocidente.

Em “Os irmãos Karamázov,” os principais personagens enfrentam a necessidade de transcender os limites do egoísmo pessoal num ato de autoentrega espiritual, na transcendência de seus interesses imediatos centrados no ego. Para Dostoiévski, a razão, que no plano moral equivalera ao utilitarismo e o egocentrismo, estava arraigado profundamente no pensamento russo radical da época. O poder do romance reside justamente na descrição da luta moral-psicológica de cada uma das personagens principais para atender a voz da consciência.

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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Os Irmãos Karamázov - Dostoiévski (Parte II)


 A fábula



O enredo conta a história da família Karamázov. O patriarca é Fiodor Pavlovicht Karamázov, um libertino que vivia bebendo, jogando e gastando dinheiro com as mulheres. Decide casar-se e, dessa união, tem um filho de nome Dmítri. Com a morte da mãe deste, o filho é abandonado e passa a ser criado, nos primeiros anos, por Gregori, seu criado. Em seguida, é educado por seu protetor. Por fim, fica sob os cuidados de seus parentes.

O velho casa-se uma segunda vez. Desta outra união, nascem Ivan e Aliocha. Sua segunda mulher morre e as duas crianças têm o mesmo destino de Dmítri.

Anos mais tarde os três irmãos voltam à cidade do pai para conhecê-lo. Dmítri, o mais velho, quer a parte da herança deixada pela mãe e apropriada pelo pai. Ivan, estudante, é uma espécie de ateu quase convicto, para quem não existe Deus, nem imortalidade da alma, nem virtude. Logo, tudo seria permitido. Por tais convicções vive conflitos e tormentos psicológicos. Aliocha, que vive em um mosteiro, também decide conhecer o pai.

O conflito entre o velho Karamázov e Dmítri é redimensionando pela disputa de ambos pela mesma mulher. Depois de muitos embates, o velho é assassinado e todas as provas apontam para o fato de ser o assassino o próprio Dmítri, com o suposto objetivo de se apossar de três mil rublos, que considera seu por direito de herança. A história se desenvolve na suspeita do parricídio.

No final, o leitor fica sabendo que o assassino é um dos criados do velho Karamázov, suposto filho bastardo, Smierdiakov. Sem prova que o incrimine, Dmítri é condenado a 20 anos de trabalhos forçados na Sibéria, acusado por uma promotoria que acredita nos indícios reunidos, nas evidências materiais, sem atentar para o caráter honrado do acusado.

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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Os irmãos Karamázov – Dostoiévski (parte I)


 


Os Irmãos Karamázov é considerado pela crítica não apenas o romance mais importante de Dostoiévski, mas também uma obra-prima. É a mais longa obra do autor russo. Para concluí-la, trabalhou arduamente nela durante três anos, e a concluiu apenas em 1880, às vésperas de sua morte.

O romance pode ser entendido como uma síntese dos vários temas que perseguiram o autor ao longo de toda a sua vida e ponto culminante de sua obra. É ainda entendido com um dos grandes feitos literários de todos os tempos. Por sua profundidade, influenciou sucessivas gerações e pensadores como Nietzsche e Freud.

O livro se destaca dos demais romances de Dostoiévski e levanta o grande tema que o vinha inquietando desde Memórias do subsolo, que consiste no conflito entre razão, identificada muitas vezes com o utilitarismo egoísta, e a fé cristã, os valores altruístas do amor ao próximo.  

N’Os irmãos Karamázov, como anota Joseph Frank, não existe uma figura central, mas cinco. Conta a história de uma família e uma comunidade, e não propriamente de um personagem. O romance serve a sua abordagem sobre a questão da falência da família russa que o preocupava desde a década de 1870. Para ele, o colapso da família era apenas o sintoma de uma doença mais profunda, isto é, a perda entre os russos educados dos valores morais, resultado, por sua vez, da perda de fé em Cristo e em Deus.

Esse já era um tema subjacente aos seus principais romances, mas sem a investigação de todas as desastrosas consequências psicológicas e sociais que derivam do abandono dos valores morais cristãos. Em Memórias do subsolo, Crime e castigo e Os demônios, Dostoiévski tentava mostrar, de forma artística, aquilo que vinha investigando desde a década de 1860, ou seja, as consequências morais e sociais das chamadas ideias niilistas russas, um amálgama local do utilitarismo, do ateísmo e do socialismo utópico. O propósito dos niilistas, na concepção do autor russo, era não apenas combater o despotismo czarista. Queriam também substituir os ideais herdados dos evangelhos e dos ensinamentos de Jesus Cristo por uma moral fundamentada no egoísmo racional.

No tempo em que passou no exterior (1865-1871), teria se convencido de que o niilismo russo não passava de uma transplantação artificial de todas as mazelas ideológicas que minavam a civilização ocidental. O romancista defendia que os intelectuais russos, devido à educação ocidental, tinham-se alienado, e se afastado dos valores e crenças de seu povo. Desta forma, precisavam voltar às suas raízes nativas e redescobrir todos os tesouros ainda escondidos.


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terça-feira, 23 de agosto de 2022

A Fantasia de ser moderno: livro analisa a ideia de modernidade na Terra de Iracema


 


A Fantasia de ser moderno, livro instigante e original, analisa o delírio de parte da população da cidade de Ipu, dos primórdios do século XX, de querer viver e parecer moderna. Nele, nos deparamos com a narrativa da nova história do Ipu e da antiga Zona Norte (Camocim, Sobral e Ipu).

 


O trem e a cidade: obra conta sobre a história da cidade e da ferrovia




O trem e a cidade analisa relação entre a ferrovia e as transformações de ordem social, econômica e cultural na cidade de Ipu entre fins do século XIX e início do século. Resultado de pesquisa criteriosa investiga como o trem propiciou uma fase de expansão comercial e urbana, contribuído para o surgimento de bairros, ruas e traçados e valores culturais. 



segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Relançamento de obras históricas


 


Em alusão ao aniversário da emancipação política da cidade, o historiador Antonio Vitorino relançará duas obras histórias: O trem e a cidade e A fantasia de ser moderno, essenciais para conhecer a história do município e para os pesquisadores. Escritas com novas fontes e rigor metódico, desvendam aspectos inéditos da fundação e formação da cidade.



O trem e a cidade analisa a relação entre a ferrovia e as transformações de ordem social, econômica e cultural na cidade de Ipu entre fins do século XIX e início do século XX. Resultado de pesquisa criteriosa, investiga como o trem propiciou uma fase de expansão comercial e urbana, contribuído para o surgimento de bairros, ruas, traçados, clubes, gabinete de leitura e valores culturais.



Já a Fantasia de ser moderno, livro instigante e original, fruto de tese de doutoramento, analisa o delírio de parte da população local, dos primórdios do século XX, de querer viver e parecer moderna. Nele, nos deparamos com a narrativa da nova história da cidade e da antiga Zona Norte (região entre Ipu, Sobral e Camocim). Nele, o autor empreende uma revisão das obras clássicas que tratam do tema da modernidade e da historiografia das cidades.

As obras estarão expostas para consulta e venda nos dias 23 e 24 de agosto, segunda e terça-feira, a partir das 19 horas, na Praça de Iracema, dentro da V Mostra Cultural em alusão às comemorações pela passagem do aniversário da cidade (182 anos de emancipação política). Estarão disponíveis, também, nas principais livrarias do país.

sábado, 6 de agosto de 2022

A metamorfose - Franz Kafka (Parte II)


 


Há, nessa pequena obra, pelo menos três transformações e uma inversão: neste caso, a novela inicia-se com o clímax, puxado para o início. A primeira mudança refere-se à metamorfose de Sansa em inseto. Se antes era o esteio da família, agora, sem poder trabalhar torna-se entulho que, aos poucos, será renegado como coisa imprestável. Em segundo lugar, sua família também se transforma, sobretudo sua irmã.  Se no início ela resolve ajudá-lo, no final propõe aos pais livrar-se dele. Para isso, seria preciso, diz ela, considerá-lo não humano, seu irmão, mas apenas um inseto. Em terceiro lugar, a metamorfose tira da família sua sustentação econômica, baseada na exploração do rapaz, mas, por outro lado, representa, para este, a liberdade, o fim da condição de escravo.

 

Não se pode tomar o enredo de A metamorfose ao pé da letra, quer dizer, de maneira literal. Não passa de uma metáfora, enquanto tal, de valor simbólico, abrindo-se a muitas interpretações, nenhuma definitiva. Afirmo ser impossível estabelecer de uma vez por todas o que o autor pretendeu com o livro, mas é coerente com seu método de produção ficcional, aberto. Há, me parece, no romance, uma clara intenção de estabelecer uma inversão em que o inseto é humano e os humanos não passam de insetos, isso parece evidente na cena em que a irmã de Gregor toca violino para os inquilinos de seus pais. Nenhum deles mostra-se interessando, pelo contrário, escuta a música como se fosse um fardo, apenas insetos, talvez, enquanto Gregor, ao contrário, é seduzido pela arte e consegue perceber, como seu pai, o desdém dos inquilinos. Ao contrário de seu progenitor, que não toma nenhuma atitude para defender a filha, ele resolve ajuda-lo, sendo, pois descoberto e tornando-se pivô da saída dos inquilinos. É então que o fato de ser um farto para a família se revela depois de ter trabalhado tanto para sustentá-la.

Embora o enredo seja absurdo, pois fala da história de um caixeiro-viajante transformado em um inseto, suscita reflexões. Se antes era ele o salvador da sua família, trabalhando para sustentar um pai e mãe velhos e uma irmã de dezessete anos, ao se metamorfosear passa a representar um fardo muito grande para a família a ponto de, no final, desejar livrar-se dele. Mas, e isso é o mais impressionante, o autor narra a história daquela família com um realismo revoltante, como se, de fato, fosse verdadeira ou que se tratasse de algo verossimilhante.


Referências

CARONE, Modesto. Lição de Kafka. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

CARPEAUX, Otto Maria. Franz Kafka e o mundo invisível. In: A cinza do pulrgatório. Balneário Camboriú, SC: Livraria Danúbio Editora, 2015.

KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 

 

 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

A metamorfose - Franz Kafka (parte I)


 


"A metamorfose" é considerada a mais célebre obra escrita por Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da Literatura. Confusão e ansiedade são o que encontramos na metáfora extrema presente nela.

No centro da novela está a reação da família de Gregor Samsa quando, certa manhã, ele acorda metamorfoseado em asqueroso inseto. Impossibilitado de trabalhar e seguir a vida como antes, a família, ao invés de oferecer-lhe compaixão, fica enojada. Samsa, inseto, é visto agora como ser abjeto e grotesco. O mundo civilizado e racional, representado na família do personagem central, expõe as reações cruéis e desumanas. Resta ao inseto apenas correr pelas paredes, esconder-se debaixo do sofá, passar o tempo.

Gregor Samsa é um caixeiro viajante que trabalha muito. Apesar de odiar o que faz, se sacrifica pela família, seus pais e uma irmã, esquecendo de si mesmo, mais ainda depois que o pai, comerciante, faliu, cinco anos antes. Ao acordar certa manhã, percebe-se metamorfoseado em inseto e seu maior medo é perder o emprego, pois carrega dois fardos: manter a família e pagar a grande dívida contraída pelo pai.

Caso paremos para pensar, existem, no mundo moderno pós-Revolução Industrial, muitos Gergor Samsa, sujeito comum, que trabalha muito, tem pouco tempo para si, responsabilidades maiores do que seu salário e menor que sua carga horária diária, desfrutando pouco da vida e do calor do convívio humano. O que é isso senão transformar-se, aos olhos de um mundo onde a máquina e a sociedade trituram carne humana, num inseto, enquanto outros desfrutam do resultado do seu trabalho? Essa pode ser uma chave de interpretação. Foi aquela levada a cabo pelos marxistas.

Depois de sua transformação em algo grotesco, é abandonado em seu quarto pelos pais e a irmã, Greta. Esta, no início, é a única que se preocupa com ele, deixando-lhe comida, mas, cansada, vai descuidando-se dessa tarefa. Num episódio, em que o inseto, ao contrário dos familiares, apresenta maior humanidade, quando assusta os inquilinos do pai — que lhe alugara um dos quartos do grande apartamento — sua irmã lhe externa ódio e propõe a necessidade de livrar-se dele, pois era fardo para todos. Decepcionado, tendo presenciado a cena em que os pais e a filha conversam, ele recolhesse e morre à mingua.

Embora Gregor renuncie à tentativa de afirmar sua dignidade ou humanidade, emociona-se ao escutar a irmã tocando violino. Seduzido, deixa o quarto, renuncia a sua bestialidade exterior e tenta afirmar sua individualidade, mas, ao contrário, o fato não passa de outra oportunidade para ser alvo de maus-tratos e ofensas.


Continua...

 

 

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Nas trilhas do sertão, série Outra História, volume 2


 


O segundo volume da coleção “Nas trilhas do sertão”, série Outra História, reúne sete artigos historiográficos. Trata de assuntos diversos: a prostituição em Ipu no início do século XX, análise do romance Cassacos, obra do jornalista sobralense Cordeiro de Andrade, embates políticos no Ceará na época da Independência do Brasil, a presença do Estado brasileiro nos sertões do Ceará no século XIX e o mundo do trabalho na região Noroeste do Estado. São trabalhos resultantes de pesquisas recentes em níveis de mestrado e doutorado desenvolvidas por historiadores de formação da região Norte e Noroeste do Estado do Ceará (Ipu, Sobral, Camocim).

 

Dados da Obra

Título: “Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política nos interiores do Ceará”. Volume 2

Organizadores: Antonio Vitorino Farias Filho e Antonio Iramar Miranda Barros 

Editora: SertãoCult

208 Páginas

Preço: R$ 15,00 (com os autores). Pode ser adquirido nas livrarias virtuais pelo vale R$ 50,90 (Amazon)

Preço com frete: R$ 25,00

Pedidos sob demanda: (88) 9.9461 5232 (WhatsApp)

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