A Metamorfose: apenas 19,90 na Livraria Ipuense |
A
metamorfose é considerada a mais célebre obra de Franz
Kafka e uma das mais importantes de toda a história da Literatura. Confusão e
ansiedade são o que encontramos na metáfora extrema presente nela.
No
centro da novela está a reação da família de Gregor Samsa quando, certa manhã, ele
acorda metamorfoseado em asqueroso inseto. Impossibilitado de trabalhar e
seguir a vida como antes, a família, ao invés de oferecer-lhe compaixão, fica
enojada.
Samsa,
inseto, é visto agora como ser abjeto e grotesco. O mundo civilizado e
racional, representado na família do personagem central, expõe as reações
cruéis e desumanas. Resta ao inseto apenas correr pelas paredes, esconder-se
debaixo do sofá, passar o tempo.
Gregor
Samsa é um caixeiro viajante que trabalha muito. Apesar de odiar o que faz, se
sacrifica pela família, seus pais e uma irmã, esquecendo de si mesmo, mais
ainda depois que o pai, comerciante, faliu, cinco anos antes. Ao acordar certa
manhã, percebe-se metamorfoseado em inseto e seu maior medo é perder o emprego,
pois carrega dois fardos: manter a família e pagar a grande dívida contraída
pelo pai.
Caso
paremos para pensar, existem, no mundo moderno pós-Revolução Industrial, muitos
Gergor Samsa, sujeito comum, que trabalha muito, tem pouco tempo para si,
responsabilidades maiores do que seu salário e menores que sua carga horária
diária, desfrutando pouco da vida e do calor do convívio humano.
O que
é isso senão transformar-se, aos olhos de um mundo onde a máquina e a sociedade
trituram carne humana, num inseto, enquanto outros desfrutam do resultado do
trabalho das massas? Essa pode ser uma chave de interpretação. Foi aquela
levada a cabo pelos marxistas.
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Depois
de sua transformação em algo grotesco, é abandonado em seu quarto pelos pais e
a irmã, Greta. Esta, no início, é a única que se preocupa com ele, deixando-lhe
comida, mas, cansada, vai descuidando-se dessa tarefa. Num episódio, em que o
inseto, ao contrário dos familiares, apresenta maior humanidade, quando assusta
os inquilinos do pai — que lhe alugara um dos quartos do grande apartamento —
sua irmã lhe externa ódio e propõe a necessidade de livrar-se dele, pois era
fardo para todos.
Decepcionado,
tendo presenciado a cena em que os pais e a filha conversam, ele recolhesse e
morre à mingua.
Embora Gregor renuncie à tentativa de afirmar sua dignidade ou humanidade, emociona-se ao escutar a irmã tocando violino. Seduzido, deixa o quarto, renuncia a sua bestialidade exterior e tenta afirmar sua individualidade, mas, ao contrário, o fato não passa de outra oportunidade para ser alvo de maus-tratos e ofensas.
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Mais sobre a obra
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Há,
nessa pequena obra, pelo menos três transformações e uma inversão: neste caso,
a novela inicia-se com o clímax, puxado para o início. A primeira mudança
refere-se à metamorfose de Sansa em inseto. Se antes era o esteio da família,
agora, sem poder trabalhar torna-se entulho que, aos poucos, será renegado como
coisa imprestável. Em segundo lugar, sua família também se transforma,
sobretudo sua irmã. Se no início ela
resolve ajudá-lo, no final propõe aos pais livrar-se dele. Para isso, seria
preciso, diz ela, considerá-lo não humano, seu irmão, mas apenas um inseto. Em
terceiro lugar, a metamorfose tira da família sua sustentação econômica,
baseada na exploração do rapaz, mas, por outro lado, representa, para este, a
liberdade, o fim da condição de escravo.
Não se
pode tomar o enredo de A metamorfose
ao pé da letra, quer dizer, de maneira literal. Não passa de uma metáfora,
enquanto tal, de valor simbólico, abrindo-se a muitas interpretações, nenhuma
definitiva. Afirmo ser impossível estabelecer de uma vez por todas o que o
autor pretendeu com o livro, mas é coerente com seu método de produção
ficcional, aberto. Há, me parece, no romance, uma clara intenção de estabelecer
uma inversão em que o inseto é humano e os humanos não passam de insetos, isso
parece evidente na cena em que a irmã de Gregor toca violino para os inquilinos
de seus pais. Nenhum deles mostra-se interessando, pelo contrário, escuta a
música como se fosse um fardo, apenas insetos, talvez, enquanto Gregor, ao
contrário, é seduzido pela arte e consegue perceber, como seu pai, o desdém dos
inquilinos. Ao contrário de seu progenitor, que não toma nenhuma atitude para
defender a filha, ele resolve ajuda-lo, sendo, pois descoberto e tornando-se
pivô da saída dos inquilinos. É então que o fato de ser um farto para a família
se revela depois de ter trabalhado tanto para sustentá-la.
Embora
o enredo seja absurdo, pois fala da história de um caixeiro-viajante transformado
em um inseto, suscita reflexões. Se antes era ele o salvador da sua família,
trabalhando para sustentar um pai e mãe velhos e uma irmã de dezessete anos, ao
se metamorfosear passa a representar um fardo muito grande para a família a
ponto de, no final, desejar livrar-se dele. Mas, e isso é o mais
impressionante, o autor narra a história daquela família com um realismo
revoltante, como se, de fato, fosse verdadeira ou que se tratasse de algo
verossimilhante.