sábado, 15 de junho de 2024

A metamorfose - Franz Kafka


 

A Metamorfose: apenas 19,90 na Livraria Ipuense

A metamorfose é considerada a mais célebre obra de Franz Kafka e uma das mais importantes de toda a história da Literatura. Confusão e ansiedade são o que encontramos na metáfora extrema presente nela.

No centro da novela está a reação da família de Gregor Samsa quando, certa manhã, ele acorda metamorfoseado em asqueroso inseto. Impossibilitado de trabalhar e seguir a vida como antes, a família, ao invés de oferecer-lhe compaixão, fica enojada.

Samsa, inseto, é visto agora como ser abjeto e grotesco. O mundo civilizado e racional, representado na família do personagem central, expõe as reações cruéis e desumanas. Resta ao inseto apenas correr pelas paredes, esconder-se debaixo do sofá, passar o tempo.

Gregor Samsa é um caixeiro viajante que trabalha muito. Apesar de odiar o que faz, se sacrifica pela família, seus pais e uma irmã, esquecendo de si mesmo, mais ainda depois que o pai, comerciante, faliu, cinco anos antes. Ao acordar certa manhã, percebe-se metamorfoseado em inseto e seu maior medo é perder o emprego, pois carrega dois fardos: manter a família e pagar a grande dívida contraída pelo pai.

Caso paremos para pensar, existem, no mundo moderno pós-Revolução Industrial, muitos Gergor Samsa, sujeito comum, que trabalha muito, tem pouco tempo para si, responsabilidades maiores do que seu salário e menores que sua carga horária diária, desfrutando pouco da vida e do calor do convívio humano.

O que é isso senão transformar-se, aos olhos de um mundo onde a máquina e a sociedade trituram carne humana, num inseto, enquanto outros desfrutam do resultado do trabalho das massas? Essa pode ser uma chave de interpretação. Foi aquela levada a cabo pelos marxistas.

De 49,90 por 33,40 (-33%) na Livraria Ipuense


Depois de sua transformação em algo grotesco, é abandonado em seu quarto pelos pais e a irmã, Greta. Esta, no início, é a única que se preocupa com ele, deixando-lhe comida, mas, cansada, vai descuidando-se dessa tarefa. Num episódio, em que o inseto, ao contrário dos familiares, apresenta maior humanidade, quando assusta os inquilinos do pai — que lhe alugara um dos quartos do grande apartamento — sua irmã lhe externa ódio e propõe a necessidade de livrar-se dele, pois era fardo para todos.

Decepcionado, tendo presenciado a cena em que os pais e a filha conversam, ele recolhesse e morre à mingua.

Embora Gregor renuncie à tentativa de afirmar sua dignidade ou humanidade, emociona-se ao escutar a irmã tocando violino. Seduzido, deixa o quarto, renuncia a sua bestialidade exterior e tenta afirmar sua individualidade, mas, ao contrário, o fato não passa de outra oportunidade para ser alvo de maus-tratos e ofensas. 

Você pode adquirir A metamorfose e outros livros de Franz Kafka na Livraria Ipuense.

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Mais sobre a obra

Edição de luxo - de 29,90 por 24,50 na Livraria Ipuense


Há, nessa pequena obra, pelo menos três transformações e uma inversão: neste caso, a novela inicia-se com o clímax, puxado para o início. A primeira mudança refere-se à metamorfose de Sansa em inseto. Se antes era o esteio da família, agora, sem poder trabalhar torna-se entulho que, aos poucos, será renegado como coisa imprestável. Em segundo lugar, sua família também se transforma, sobretudo sua irmã.  Se no início ela resolve ajudá-lo, no final propõe aos pais livrar-se dele. Para isso, seria preciso, diz ela, considerá-lo não humano, seu irmão, mas apenas um inseto. Em terceiro lugar, a metamorfose tira da família sua sustentação econômica, baseada na exploração do rapaz, mas, por outro lado, representa, para este, a liberdade, o fim da condição de escravo.

Não se pode tomar o enredo de A metamorfose ao pé da letra, quer dizer, de maneira literal. Não passa de uma metáfora, enquanto tal, de valor simbólico, abrindo-se a muitas interpretações, nenhuma definitiva. Afirmo ser impossível estabelecer de uma vez por todas o que o autor pretendeu com o livro, mas é coerente com seu método de produção ficcional, aberto. Há, me parece, no romance, uma clara intenção de estabelecer uma inversão em que o inseto é humano e os humanos não passam de insetos, isso parece evidente na cena em que a irmã de Gregor toca violino para os inquilinos de seus pais. Nenhum deles mostra-se interessando, pelo contrário, escuta a música como se fosse um fardo, apenas insetos, talvez, enquanto Gregor, ao contrário, é seduzido pela arte e consegue perceber, como seu pai, o desdém dos inquilinos. Ao contrário de seu progenitor, que não toma nenhuma atitude para defender a filha, ele resolve ajuda-lo, sendo, pois descoberto e tornando-se pivô da saída dos inquilinos. É então que o fato de ser um farto para a família se revela depois de ter trabalhado tanto para sustentá-la.

Embora o enredo seja absurdo, pois fala da história de um caixeiro-viajante transformado em um inseto, suscita reflexões. Se antes era ele o salvador da sua família, trabalhando para sustentar um pai e mãe velhos e uma irmã de dezessete anos, ao se metamorfosear passa a representar um fardo muito grande para a família a ponto de, no final, desejar livrar-se dele. Mas, e isso é o mais impressionante, o autor narra a história daquela família com um realismo revoltante, como se, de fato, fosse verdadeira ou que se tratasse de algo verossimilhante.

 

 

 

quinta-feira, 6 de junho de 2024

Crime e castigo de Dostoiévski: obra-prima


 

Crime e castigo - Garnier: de 99,90 por 54,90 na Livraria Ipuense

Para muitos estudiosos da obra de Dostoiévski, Crime e castigo talvez seja a mais profunda do autor russo. Indiscutivelmente faz parte daqueles livros célebres, constando em qualquer lista dos dez romances mais importantes da humanidade. Se és um amante da leitura e ainda não o encarou, saiba que não passas de uma BOSTA! (rsrsrs, brincadeiras à parte...)

Há ligações entre Crime e castigo e os anos quando o autor passou na prisão. Pessoas (e atitudes), com quem Dostoiévski se relacionou na prisão, teriam servido de base para alguns de seus personagens. 

O autor russo teria notado: muitos dos camponeses encarcerados eram pessoas calmas e dóceis, mas, por alguns motivo, e em algum momento, teriam perdido a paciência e cometeram um crime como se tivessem bêbados, em delírio ou atravessado o limite do sagrado. 

Mas tão logo o acesso de fúria e delírio passava, o criminoso se acalmava e rapidamente retomava sua natureza dócil, original. É esse o modelo de Raskólnikov, embora ele não seja camponês, estando mais na condição de educado, de um intelectual.

Crime e castigo - Pé de Letra: 41,80 na Livraria Ipuense


Segundo Joseph Frank, biográfo do autor, não é tanto o assassinato em si que desencadeia o delírio de Raskólnikov, mas a ideia de “ultrapassar o limite do sagrado”. Logo que cometeu o crime o até então reticente estudante exibe raiva e ódio provocantes por todos aqueles que possam suspeitar dele, mesmo por aqueles que o auxiliam. Parece tronar-se uma outra pessoa, demonstrando uma vigorosa arrogância que surpreende até ele mesmo. “O que acontece a Raskólnikov é uma contrapartida moral-psíquica exata da transformação dos presos que se enfurecem contra todos”.

A decisão por matar a velha agiota, por sua condição de má, cruel e desumana, é justificada não por uma repulsa moral que demonstrasse repugnância da velha. Rascólnikov se convence da inutilidade da vida da agiota, sendo levado por um motivo utilitário e não, como se disse, moral. 

É esse o critério que confunde o jovem, a decidir-se pelo assassinato para salvar seu projeto de terminar seu curso superior e para salvar a vida de sua família. Crime que seria compensado ao devotar o resto de sua vida a praticar boas ações, cumprido suas obrigações para com a humanidade.

R$ 24,50 na Livraria Ipuense 


Segundo Joseph Frank, é esse conflito entre o castigo moral de consciência e a nova moral utilitária que confunde Raskólnikov e molda a forma como Dostoiévski descreve a personalidade do protagonista do romance.

O utilitarismo egoísta é uma corrente filosófica, defendida na época por Tchernichévski, com quem Dostoiévski polemiza na década de 1860. O primeiro popularizou a ideia segundo a qual o critério supremo da moral era a utilidade. Os homens buscavam, portanto, o que lhes davam prazer e satisfazia seus interesses próprios, egoístas. 

No entanto, como os homens são também criaturas racionais, descobriram que a utilidade suprema consistia em identificar seus desejos pessoais com o bem-estar da maioria de seus pares. Finalmente, os radicais utilitaristas defendiam que apenas eles tinham a fórmula para a felicidade geral.

O personagem central do romance é usado para ridicularizar o utilitarismo. Este teria sido a causa de muita confusão e levado, na Rússia, jovens estudantes a cometerem crimes, acreditando que sua ação levaria à mudança da sociedade para melhor, uma vez que se julgavam os escolhidos e que seu projeto era o melhor para todos. 

Raskólnikov pode ser identificado como o protótipo disso. O utilitarismo teria obliterado de tal maneira a linha entre o bem e o mal, que poderia levar um jovem idealista sensível, revoltado com o sofrimento e a injustiça, a cometer um crime brutal.

Portanto, a natureza utilitária em Raskólnikov fornece a justificativa: pode-se matar um ser inútil por uma fortuna, desde que ela fosse usada para o bem. Assim, era possível passar por cima de qualquer ditame da consciência, diante da utilidade ninguém seria afetado por reguladores morais. Há, no personagem central, um conflito latente entre o desejo de mudar o mundo para melhor, a qualquer custo, e os velhos imperativos da moral cristã, sempre presentes nas obras do autor.

De 49,90 por 39,90 na Livraria Ipuense


Crime e castigo foi escrito, portanto, dentro do clima ideológico da Rússia de meados dos anos 1860. Dostoiévski criou o personagem Raskólnikov para exemplificar os perigos do radicalismo egoísta. Os traços morais do caráter do personagem exemplifica o embate entre, de um lado, a bondade instintiva, a compaixão e a piedade e, de outro, o egoísmo orgulhoso dos radicais russos, chamados pelo autor de niilistas. 

O grande mistério do romance está nos motivos do assassinato cometido pelo personagem central. De um lado, o próprio Raskólnikov não entende por que motivo cometeu o crime e, de outro, toma consciência de que o propósito moral que supostamente o teria inspirado, não podia explicar sua conduta.

Logo no início do romance aparece em Raskólnikov o conflito entre sua intenção de matar e a resistência de sua consciência moral contra tirar uma vida humana. Conforme o romance avança, o Raskólnikov do início, um estudante sensível aos infortúnios, aos sofrimentos, dá lugar a outro personagem, frio e egoísta, indiferente e desdenhoso, insensível aos infortúnios que haviam estimulado sua piedade. A sua transformação se inicia quando começa a pensar no crime e, mais ainda, após cometê-lo. 

No entanto, essa transformação é passageira e, tão logo recupera sua consciência anterior, após os delírios pelos quais é acometido, associado simbolicamente pela dialética utilitarista, volta a seu estado anterior. 

O que domina em Raskólnikov, esclarece Joseph Frank[3], são as angústias e a força de consciência mesmo em meio a uma luta violentamente, egoísta, para manter a liberdade, e que o verdadeiro motivo do estudante foi unicamente testar se ele era, de fato, um piolho insignificante como os outros, se era uma trêmula criatura ou se tinha o direito de matar, se estava acima da lei moral, por se considerar um ser extraordinário, como um Napoleão, em contraste com a maioria das pessoas, apenas ordinárias.

 Caso queira adquirir o livro, você encontra-o em várias edições na Livraria Ipuense.

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 Se não leu o romance ainda, não vá em frente

Crime e castigo, primeiro livro da série de grandes romances da maturidade de Dostoiévski, tem como personagem central um ex-estudante universitário, rapaz pobre e inteligente.  Vive num cubículo miserável na periferia de São Petersburgo. Pela pobreza e falta de recursos é obrigado a abandonar os estudos. Nestas condições, passa a cogitar e estabelecer um plano para assassinar uma velha agiota, a quem considera um ser imprestável, que só traz mau, para se apossar de seu dinheiro e assim continuar com os seus planos: consiste em se formar e ajudar sua mãe e uma irmã que, igualmente, vivem com poucos recursos.

Raskólnikov acredita que a má ação, assassinar uma velha imprestável e prejudicial à sociedade, seria recompensada com as muitas boas ações que poderia levar a cabo com o dinheiro dela. Acredita que sacrificar um ser inútil e prejudicial a sociedade seria recompensada e justificada com o ato benéfico e útil que faria para essa mesma sociedade.

Raskólnikov estabelece um plano para assassiná-la e se apoderar de seu dinheiro. A partir de então, entra em um intenso conflito psicológico. As coisas não se passam como imaginado. Acaba matando não apenas a velha, como planejado, mas também irmã dela que, inesperadamente, apareceu na cena do crime. Se apodera de pertences da agiota e os esconde em baixo de uma pedra em um local da periferia de Petersburgo, não fazendo uso deles.

Raskólnikov teria sido impelido ao crime ao estabelecer uma teoria segundo a qual se pode considerar lícito um crime aos espíritos superiores, como se considerava, desde que tenha um bom motivo, como se pudesse ser criminoso caso o crime seja convertido para o bem da sociedade. Uma falta grave seria justificada pelas boas ações que proporcionaria à sociedade.

No entanto, as coisas não se passam como imaginava. “Mas eis que a consciência do homem forte, que ele julgava ser, treme involuntariamente perante este fato que o espanta: aquela criatura desprezível, a velha agiota, era, apesar de tudo, um ser humano, e o que o rapaz fizera fora derramar o sangue desse ser. Para além da filosofia, atuavam agora a natureza e a realidade espiritual humana. Raskólnikov julgava-se apenas um cérebro em ação, mas afinal era também um homem dotado de corpo e de nervos, que, além desse cérebro, possuía também uma alma.

E, se a razão planejara e aceitara o crime, a carne e a alma não o aceitam, repelem-no, insurgem-se e entram em conflito ardente com essa razão fria, acabando por se lhe imporem. É nessa luta que reside o verdadeiro castigo, a expiação, luta tremenda, cheia de suores e de delírios, de pavor e de febres, travada nas mais profundas camadas vitais da consciência, luta que vai tocar as raízes misteriosas da origem sagrada, talvez divina, da própria humanidade”.

Creio que o grande tema de Crime e castigo é o sentimento de culpa, o conflito psicológico entre razão e sentimento, entre ideias e a moral, ética, tão bem incorporado pelo personagem central.

quinta-feira, 30 de maio de 2024

O jogador – Dostoiévski: há pessoas tão pobres, só têm dinheiro!



Há um romance de Dostoiévski, dos menores dentro de sua extensa obra, que traduz muitos dos desejos buscados pela maioria das pessoas no mundo em que vivemos. O personagem central é Aleksei Ivánovitch. É um nobre russo, jovem e culto e que trabalha como tutor na casa de um general, Zagoriánski, que está vivendo na Alemanha, hospedado em um hotel. Está apaixonado pela enteada do general, Praskóvia, chamada de Polina por seus familiares. O romance constitui a linha central do enredo. Quase todos os personagens agem movidos unicamente por interesses materiais.

Aleksei é atormentado pelo sentimento de inferioridade social, por ser humilde tutor na casa do General. Apesar de sua condição de nobre russo e culto, recebe um tratamento desdenhoso, pouco melhor que um servo. Pretendendo o “amor” de Polina, que mantém um romance por interesse com outros, acredita que se ganhar no jogo, na roleta, e ficar rico, poderá conquistá-la. Estudando a roleta por um bom tempo, percebe uma regularidade matemática na sequência dos números sorteados. Ganha, portanto, muito dinheiro, e quebra o cassino.

Não se importava com o dinheiro. Encarava-o apenas como um meio para atingir um fim: ter Polina em seus braços. Aqui, creio, está a essência do romance de Dostoiévski. Por que as pessoas se matam, quase em desespero, para acumular tanto dinheiro se não precisam de muito? E a resposta de Dostoiévski, por meio de um personagem de seu romance, é a de que as pessoas buscam o dinheiro não simplesmente pelo dinheiro em si, mas pelo poder que ele exerce sobre as pessoas. Os objetos, o sapato, a roupa, a casa, todos comprados com dinheiro, são signos que impõem poder e distinção, respeito, admiração, sucesso, inveja, como se tivessem alma, aura, essência, espírito!

O dinheiro, em grande quantidade, não interessava a Aleksei Ivánovitch. Queria-o apenas pelo poder que ele poderia exercer sobre Polina. Percebendo que a maioria das pessoas agiam da mesma forma, pouco lhe importava se teria o amor ou não daquela que queria nos seus braços. Apenas a queria perto de si. Já que todas as pessoas são tão iguais, agindo por interesses próprios, de que importava o amor?

Desprezado pelas pessoas, por não ter tanto dinheiro, era o único a dar grande valor ao conhecimento, à leitura, à erudição, dado ser um homem culto. Talvez por isso, não se importasse tanto com a materialidade da moeda, acumulá-la não parecia a coisa mais importante do mundo.

Esse é o ponto central. A maioria das pessoas é muito pobre, tem apenas dinheiro. Isso é muito pouco! Como as pessoas são tão vazias! Elas ou passam a maior parte de suas vidas correndo desesperadamente atrás dele, sendo capazes de quase tudo para consegui-lo, pensando nele o tempo todo, ou maquinando uma forma de atraí-lo, pouco se importando se isso será, no final, bom ou ruim para si mesmas. Parece-lhes tão óbvia, natural, a relação direta entre bem-estar e dinheiro, felicidade e dinheiro, que não se dão ao luxo de, pelo menos, refletir sobre isso. Talvez desprezem o livro (“um montão, um amontoado de muita coisa escrita”), o conhecimento, a ciência, a literatura, o saber.

Talvez a riqueza esteja exatamente naquilo que é mais desprezado! Aleksei Ivánovitch talvez estivesse certo!

Você encontra a obra O jogador e outros romance de Dostoiéviski na Livraria Ipuense: https://www.instagram.com/liivraria_ipuense/

           

  

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Cafeteria e Livraria em Ipu




A cidade de Ipu agora conta com uma Cafeteria e Livraria física, funcionando no mesmo espaço. Os proprietários dos dois estabelecimentos fizeram uma parceria visando unir em um mesmo lugar gastronomia e conhecimentos. É um espaço aconchegante que une conforto e descontração, propício para aquele público que procura ambientes que agregam valor cultural e tranquilidade.

          A Cafeteria Lux, organização de João Victor e Maria Sabrina, está situada na Rua Cel. José Lourenço, 113, no centro de Ipu-Ce., ao lado do Calçadão Gastronômico. Abre de terça à quinta das 8h às 19h., às sextas e sábados das 8h às 21h e aos domingos das 16:30h às 21h.

          No conforto de sua casa, qualquer pessoa pode ter acesso ao saber e comprar um livro, mas nada substitui a experiência de folear uma obra em um ambiente acolhedor. A imersão em uma biblioteca física, com uma boa música ambiente e a degustação de uma iguaria real é insubstituível, sobretudo em tempos tão sombrios e de poucas gentilezas.



          O ambiente é decorado para favorecer o prazer de estar ali. Mistura elegância e bom gosto com um toque retrô, com referências de peças antigas, com divãs lembrando os simpósios da época de Sócrates e o contexto do O banquete, de Platão, obra clássica, propícios a um filosofar existencial, mas também com uma pitada de contemporaneidade.



          Segundo o professor Antonio Vitorino, organizador da livraria, a cidade necessitava de um ambiente como o da Cafeteria, espaço de sociabilidade que permite o cultivo do espírito, dos valores superiores, de um bom diálogo entre amigos e casais.

          De fato, lá, enquanto você degusta boa iguaria, pode saborear um bom livro, usufruir de aprazível leitura e sem pagar nada mais por isso.

          Vá lá conferir, divertir-se e apoiar os pequenos negócios culturais. É uma boa terapia para fortalecer seu sistema imunológico e fugir da agitação. Afinal, a felicidade consiste numa xícara de café e um bom livro! SABOR E SABER!

         

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quarta-feira, 15 de maio de 2024

Iracema - Mito fundador da brasilidade


Iracema, publicado em 1865, romance indianista, é talvez a obra mais popular de José de Alencar, seguramente a mais conhecida e lida. A crítica festejou-o como obra-prima. Machado de Assis foi um dos primeiros a aplaudi-la, fazendo o seu elogio, considerando-a um poema em prosa, já anunciando sua imortalidade e o seu lugar no quadro das obras célebres. Alfredo Bosi, em sua História concisa da Literatura Brasileira, endossou o diagnóstico e Antônio Cândido a considerou a mais perfeita prosa poética da ficção romântica (Formação da Literatura Brasileira).

Pode-se dizer, Iracema é uma espécie de romance em prosa poética e com características de epopeia. Como a épica, tem heróis, modelos de virtude (Martim, Poti, Jacaúna, Iracema), começa com uma espécie de prólogo ou canto da jandaia (capítulo 1). Ainda que esteja em prosa, é pura poesia, fala de um mito fundador e fatos grandiosos. Apesar de contar uma história de amor entre Martim, guerreiro português, e Iracema, virgem tabajara, este é apenas o pano de fundo.

Das muitas metáforas usadas, a maior é aquela que encerra a própria essência do romance: o amor entre o colonizador e o nativo é o encontro simbólico entre duas “raças”, a branca e a indígena, origem do povo brasileiro, misto, e não apenas do Ceará, ato fundador da nação. Essa a maneira romântica de pensar o mito de nossa origem como cultura (“Raça”, na concepção do escritor).

Avenida de Iracema - acervo do prof. Francisco de Assis Martins

A morte de Iracema representa a própria vitória do colonizador e o futuro desaparecimento da cultura autóctone, bem como o batismo de Poti, no final. Moacir é o povo brasileiro, educado pelo pai dentro dos valores do colonizador: a língua portuguesa e a religião cristã. O fenótipo guarda os traços do nativo. Ele confere ao português os direitos sobre a terra herdada pela mãe. A identidade brasileira, grande tema indianista, começa a ser gestada com o braço colonizador e o sangue indígena correndo nas veias de uma “raça” mista.  O encontro de Martim com Iracema é o encontro do mar, para onde ele sempre olha, com o sertão, presente nas lembranças dela.

O enredo é dos mais límpidos e não apresenta nenhuma dificuldade: o Guerreiro branco, Martim, o fundador do Ceará segundo a historiografia tradicional, súdito da coroa portuguesa, amigos dos pitiguaras, habitantes do litoral e adversário dos tabajaras, em expedição à Serra da Ibiapaba, com o objetivo de fazer guerra aos franceses do Maranhão, topa, nas matas do Ipu, com Iracema, a “virgem dos lábios de mel”, cabelos mais negros que as asas da graúna e mais longos que o talhe da palmeira, de sorriso mais doce que o favo da jati, hálito mais perfumado que a baunilha que rescendia no bosque, mais rápida que a ema selvagem. Ela é filha de Araquém, o pajé, e irmã de Caubi. Desempenha funções sagradas em sua tribo, guardando o segredo da Jurema, que lhe cobra a virgindade. Ambos se apaixonam.

Dividida entre a lealdade a seu povo ou seguir seu coração, a virgem opta por acompanhar o guerreiro branco, ao lado de Poti, protegendo-o contra Irapuã, chefe tabajara, com dons marciais, apaixonado pela virgem e ciumento, até o litoral e viver como sua esposa, para junto dos pitiguaras, tradicionais inimigos dos tabajaras.

"Iracema se banhando numa noite de lua na bica de Ipu". Óleo sobre tela, de J. Cardoso.

Dessa união nasce o primeiro cearense (brasileiro), Moacir, o filho do sofrimento.  Martim, aliado de Poti (Antônio Felipe camarão, quando batizado), guerreiro destemido e irmão do chefe dos pitiguaras, Jacaúna, eivado de virtudes cristãs (temperança, equilíbrio, prudência, lealdade, abnegação), a quem guarda amizade fiel, combate com ele contra os seus inimigos. Por isso, Martins se afasta de Iracema, deixando-a triste e na solidão. Devido à ausência do marido, perece à mingua deixando ao pai o filho da dor.

No plano simbólico, Iracema representa o amor, a natureza exuberante. Por ele, entrega a América ao colonizador, ao Coatiabo (guerreiro pintado), aquele dos cabelos do sol (Guaraciaba), faces brancas como a areia das praias, olhos de azul do mar, de onde veio, representante do branco colonizador.

José de Alencar mescla registros históricos com fictícios. No século XVII os nativos estavam divididos entre os portugueses, apoiados pelos pitiguaras, do litoral, e os franceses, que tinham como aliados os tabajaras, da Ibiapaba, com quem faziam negócio. Os aliados dos portugueses acabam prevalecendo. No romance, dá-se a fusão das duas “raças”, representadas pelo guerreiro branco e a indígena Iracema. A guerra é atenuada.

Ao lado de O Guarani (1857) e Ubirajara (1875), Iracema compõe a trilogia indianista, dentro do projeto do autor, esboçado na apresentação de Sonhos d’ouro (1872) de criar uma literatura genuinamente brasileira e um painel da cultura brasileira. O indígena de Alencar é ser mítico, nobre, eivado de qualidades superiores. A visão do autor, em relação aos nativos muito se assemelha à ideia rousseauniana do bom selvagem. Ele, que não conhecia o verdadeiro índio, o retratou usando de sua imaginação fértil, apesar de defender estar criando o mundo indígena a partir da ótica do próprio nativo.

Resenha escrita pelo professor Antonio Vitorino Farias Filho.

Para comprar a obra acesse o link: https://www.instagram.com/p/C58FIgwAGTU/

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quinta-feira, 9 de maio de 2024

Palestra sobre Cultura reúne os estudantes da Escola Profissional




    Ocorreu na manhã de hoje, dia 9 de maio, no auditório da EEEP Antônio Tarcísio Aragão, uma palestra ministrada pelo professor e proprietário da Livraria Ipuense (@liivraria_ipuense, no Instagram), Antonio Vitorino.

Com o tema “Entre a História e a Literatura”, o palestrante apresentou aos alunos e professores da instituição suas últimas publicações, “O trem e a cidade”, “A fantasia de ser moderno” e “Máscara Trágica”. Os dois primeiros versam sobre a história local e o último, lançado em agosto do ano passado, é um romance, uma obra ficcional, que tem como cenário a cidade de Ipu nas décadas iniciais do século XX, objeto de pesquisas do historiador e romancista.

          O evento foi organizado e teve a mediação do professor da escola, Raimundo Alves de Araújo.

          Segundo o palestrante, referindo-se ao romance Máscara Trágica, o contexto histórico, os espaços da cidade e os costumes de sua população, na obra ficcional, são todos “reais”, resultado de pesquisas demoradas. Lê-lo é como passear pela cidade naqueles tempos de crescimento.





Dentro do palco da urbe, desenrola-se o enredo, uma história inspirada na tradição trágica que remonta à Grécia antiga. E por trás da tessitura da fábula, há uma questão existencial, enfatiza, a essência do romance, a chave para entendê-lo. Nem todos, disse, compreenderão, mas se a desvendarem serão capazes de perceber a profundidade da obra.

          Professor Vitorino enfatizou ter ficado impressionado com a atenção e o interesse dos alunos pelos temas abordados. “É muito gratificante falar sobre cultura e o conhecimento, sobre nosso passado, e ter um público interessado no assunto”, concluiu.

          Ao final, foram sorteados dez livros de autoria do palestrante para os alunos. O evento encerrou-se por volta das onze horas da manhã.

Os livros apresentados podem ser adquiridos pelo Instagram da livraria, endereço acima.

         

Instagram: @liivraria_ipuense; Vitorino_Farias10

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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Ipu ganha uma livraria


 

Acervo da Livraria Ipuense

         Foi fundada em Ipu há cerca de um mês a Livraria Ipuense (Livraria, Cultura & Cia). A organização é do professor e historiador Antonio Vitorino e da estudante Ana Clara Barbosa. Com um acervo variado, entre livros usados e novos, os dois apostam no negócio, mas dizem mesmo estar interessados em difundir cultura e o conhecimento.



Segundo o professor Vitorino, a livraria se especializará na venda dos clássicos da literatura nacional e mundial, da História, da Filosofia e da Sociologia, embora negocie também com as obras de outras áreas, aceitando encomenda. Foi pensada, também, para vender as obras de autores ipuenses e da região. Basta o escritor entrar em contato com os organizadores e disponibilizar seu livro para a venda.

Os proprietários do negócio já procuram um ponto de comércio para colocar à disposição do leitor o acervo físico da livraria. Esclarecem que também compram livros usados em bom estado, bastando, para isso, entrar em contato pela página no Instagram. O interesse, afirma o professor Vitorino, é fomentar o hábito da leitura. “Se não vender — concluiu — fico com os livros. Bom mesmo é que nem venda!” (Risos).

A vantagem para quem mora em Ipu e região e que compra na Livraria Ipuense é livrar-se do frete, às vezes até mais caro do que o próprio produto. Quem quiser fazer sua encomenda, comprar ou vender seu acervo, pode entrar em contato pelas redes sociais da livraria:

Instagram: @liivraria_ipuense

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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Prof. Vitorino lançará o livro “Máscara Trágica”


 


O professor Vitorino e a Editora Metamorfose lançarão o livro “Máscara Trágica”. Trata-se de uma obra ficcional. Máscara trágica é uma espécie de tragédia moderna, cujo enredo se desenrola em duas semanas numa pequena, porém charmosa, cidade do “sertão” cearense, mas cujas lembranças do personagem central recuam e avançam no tempo unindo passado e presente.

O evento, em alusão aos 183 anos da cidade, está marcado para sábado, 19 de agosto, às 19 horas, na Escola Auton Aragão – Praça São Sebastião, 1029, Centro, Ipu-Ce.

Antonio Vitorino é historiador e filósofo, mestre (UECE) e doutor em História (UFPE), autor de três livros (História da Educação, O trem e a cidade e A fantasia de ser moderno). Organizou os volumes 1 e 2 da coleção “Nas trilhas do sertão”, tem inúmeros artigos publicados em livros e revistas. Atuou no ensino superior por quase vinte anos. Atualmente é professor da rede pública do Estado do Ceará (SEDUC) e do Instituto Kairós.

O livro tem por finalidade levantar e propor reflexões sobre a existência ou a condição humana, ou servir como uma espécie de guia de leitura das grandes obras “clássicas”. O enredo é tecido como quem entrelaça pacientemente os fios numa roca até compor a trama. O enredamento, isto é, o encadeamento das ações, está de tal forma emaranhado a ponto de os sentidos por trás dele nos causar comoções. Como uma rede, pacientemente urdida, nos prende, nos colhe num ardil ou armadilha de onde não é possível fugir.

O evento é aberto ao público.

 

Serviço:

Quando? 19/08, às 19h

Onde? Escola Auton Aragão – Praça São Sebastião, 1029, Centro, Ipu-Ce

 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Grupo Outra História lançará livro


 


Na noite de quinta-feira, 19 de janeiro, na Escola Auton Aragão, no centro de Ipu, o Grupo Outra História, comunidade de pesquisadores em história do Ipu, lançará o 7º volume da série Outra História, com o título “Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política do Ceará”.

Trata-se de uma coletânea de textos que abrange pesquisadores e historiadores de Sobral, Camocim, Crato, Ipu e outras cidades.

A obra é dividida em duas partes e doze capítulos. Entre os temas, destacam-se o golpe de 1964 no Ceará, o Campo de Concentração de Ipu, imagens da mulher no início do século XX em Ipu, partidos políticos e experiência democrática na Zona Norte cearense, dentre outros.  

O livro tem como organizadores, Francisco Dênis Melo e Edvanir Maia da Silveira, professores da Universidade Estadual Vale do Acaraú, que também escrevem na obra.

O evento é aberto ao público. Na ocasião haverá a apresentação da obra, abertura à participação do público e noite de autógrafos. Aguardamos a sua presença.

Dados da obra

Título: “Nas trilhas do sertão: escritos de cultura e política do Ceará”. Vol. 7 (Série Outra História)

Organizadores: Francisco Dênis Melo e Edvanir Maia da Silveira

Editora: Edições UVA; SertãoCult

270 Páginas

Preço de lançamento: R$ 50,00

 

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Os irmãos Karamázov - Dostoiévski (Parte IV)


 


O velho Karamázov encarnaria a própria síntese do vício pessoal e social, ao negligenciar os três filhos tidos de duas esposas, que crescem num ambiente de inexistência do núcleo familiar que, segundo o autor, tornava-se cada vez mais típica da sociedade russa educada. Personagens como o velho Karamázov e Dmítri, seu primeiro filho, permitem a Dostoiévki discutir a ampla natureza russa, que oscila entre extremos morais e psicológicos. Dmítri, por exemplo, é perpassado por forças naturais que pode facilmente torná-lo escravo de seus instintos e de suas paixões.

Ivan, por sua vez, representa a suprema dramatização do conflito entre fé e razão, próprio cerne do livro. Todo o romance é, nas palavras do próprio autor, uma resposta a Ivan e sua fórmula de Deus não existir e nem a imortalidade e, por isso, tudo ser permitido.

Em cada uma das principais personagens há o confronto e uma crise que exigirá delas uma escolha entre uma e outra. Em todos esses momentos prevalecerá a fé de algum tipo, não especificamente moral e religiosa, como ocorrera com Aliocha, mas uma fé que encarna um aspecto da moral do amor e da autotranscedência do egoísmo.

Há, ainda, nos capítulos sobre o inquérito e do julgamento de Dmítri uma crítica premente ao sistema jurídico Russo, que havia passado por uma reforma no período. Dostoiévski demonstra como um motivo pessoal, como a vaidade do promotor, poderia impedir a promotoria de procurar a verdade de forma imparcial. O romancista russo criticava a adoção, pela justiça russa, de normas abstratas ocidentais, que consistiam, em boa parte, na reunião de provas materiais. A crença exclusiva nessas provas impedia a descoberta da verdade, que poderia ser revelada por uma percepção mais direta do caráter humano. Não se dá crédito às palavras de Dmítri, ao negar veementemente o assassinato do pai. Há aqui, também, uma réplica do conflito entre fé e razão. As provas materiais, racionais, reunidas pelos investigadores, eliminam qualquer necessidade de pensarem em atribuir peso à palavra do acusado, um homem honrado, apesar de ser lascivo.

 

 

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Os irmãos Karamázov - Dostoiévski (Parte III)


Sentido do Romance



Os personagens e fatos criados, em Dostoiévski, são sempre coloridos pelo contexto ideológico particular em que estava imerso no cenário russo contemporâneo. Uma fonte de inspiração do autor é a vida real. Nesse caso, os jornais eram seus documentos favoritos.

Na visão dele, o povo russo possuía uma fé religiosa que não só o resgataria do desastre, mas também capacitá-lo-ia a liderar o caminho para uma nova era cristã da regeneração do gênero humano. O cristianismo herdado pelos camponeses – tinha convicção - estava impregnado neles. O povo russo, representado pelos camponeses, portanto, possuía todas as virtudes cristãs que a fé lhes ensinava.

Uma das qualidades do autor russo é sua capacidade de retratar personagens com um realismo social e psicológico sem paralelo na literatura e de encadear seus conflitos e dilemas numa investigação dos problemas da existência humana. Convencido de que o único cristianismo verdadeiro seria encontrado na ortodoxia russa, Dostoiévski busca provas que confirmem esse seu ponto de vista. Os seus personagens, sob influência de ideias avançadas, cometem crimes terríveis, como Raskólnikov de “Crime e castigo”, ou mergulhados nas piores profundezas da degradação, como Stavróguin de “Os demônios”. Mas, em determinado momento de suas vidas cheias de tormentos, encontram a visão de uma possível redenção por meio dos efeitos moralmente purificados do amor cristão. Nos dois casos citados, “Crime e Castigo” e “Os demônios”, o autor russo analisa a tragédia daqueles membros da intelectualidade que tinham se afastado de suas origens cristãs e, assim, de seu povo, o povo russo, o único capaz de redimir o mundo contra a decadência moral do Ocidente.

Em “Os irmãos Karamázov,” os principais personagens enfrentam a necessidade de transcender os limites do egoísmo pessoal num ato de autoentrega espiritual, na transcendência de seus interesses imediatos centrados no ego. Para Dostoiévski, a razão, que no plano moral equivalera ao utilitarismo e o egocentrismo, estava arraigado profundamente no pensamento russo radical da época. O poder do romance reside justamente na descrição da luta moral-psicológica de cada uma das personagens principais para atender a voz da consciência.

Continua...


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